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sexta-feira, 17 de setembro de 2010

A SOLIDÃO DE DEUS

Por: ARTHUR W. PINK



Arthur W Pink, nasceu em Nottingham, Inglaterra, em 1886. Seus pais eram cristãos piedosos e ele tinha um irmão e duas irmãs.


A SOLIDÃO DE DEUS


O título deste capítulo talvez não seja suficientemente claro para indicar o seu tema. Isto se deve, em parte, ao fato de que hoje em dia bem poucas pessoas estão acostumadas a meditar nas perfeições pessoais de Deus. Dos que lêem ocasionalmente a Bí¬blia, bem poucos sabem da grandeza do caráter divino, que ins¬pira temor e concita à adoração. Que Deus é grande em sabedo¬ria, maravilhoso em poder, não obstante, cheio de misericórdia, muitos acham que pertence ao conhecimento comum; contudo, chegar-se a um conhecimento adequado do Seu Ser, Sua natu¬reza, Seus atributos, como estão revelados nas Escrituras Sagra¬das, é coisa que pouquíssimas pessoas têm alcançado nestes tem¬pos degenerados. Deus é único na excelência do Seu Ser. "Ó Senhor, quem é como Tu entre os deuses? Quem é como Tu glorificado em santidade, terrível em louvores, operando maravi¬lhas?" (Êxodo 15:11).
"No princípio... Deus..." (Gênesis 1:1). Houve tempo, se é que se lhe pode chamar "tempo", em que Deus, na unidade de Sua natureza, habitava só (embora subsistindo igualmente em três pessoas divinas). "No princípio... Deus...". Não existia o céu, onde agora se manifesta particularmente a Sua glória. Não existia a terra, que Lhe ocupasse a atenção, Não existiam os anjos, que Lhe entoassem louvores, nem o universo, para ser sustentado pela palavra do Seu poder. Não havia nada, nem ninguém, senão Deus; e isso, não durante um dia, um ano ou uma época, mas "desde sempre". Durante uma eternidade passada, Deus esteve só: com¬pleto, suficiente, satisfeito em Si mesmo, de nada necessitando.
Se um universo, ou anjos, ou seres humanos Lhe fossem necessá¬rios de algum modo, teriam sido chamados à existência desde toda a eternidade. Ao serem criados, nada acrescentaram a Deus essen¬cialmente. Ele não muda (Malaquias 3:6), pelo que, essencial¬mente, a Sua glória não pode ser aumentada nem diminuída.
Deus não estava sob coação, nem obrigação, nem necessidade alguma de criar. Resolver fazê-lo foi um ato puramente soberano de Sua parte, não produzido por nada alheio a Si próprio; não determinado por nada, senão o Seu próprio beneplácito, já que Ele "faz todas as coisas, segundo o conselho da sua vontade" (Efésios 1:11). O fato de criar foi simplesmente para a manifestação da Sua glória. Será que algum dos nossos leitores imagina que fomos além do que nos autorizam as Escrituras? Então, o nosso apelo será para a Lei e o Testemunho: "... levantai-vos, bendizei ao Senhor vosso Deus de eternidade em eternidade; ora bendigam o nome da tua glória, que está levantado sobre toda a bênção e louvor" (Neemias 9:5). Deus não ganha nada, nem sequer com a nossa adoração. Ele não precisava dessa glória externa de Sua graça, procedente de Seus redimidos, porquanto é suficientemente glorioso em Si mesmo sem ela. Que foi que O moveu a predes¬tinar Seus eleitos para o louvor da glória de Sua graça? Foi, como nos diz Efésios 1:5, ".... o beneplácito de sua vontade".
Sabemos que o elevado terreno que estamos pisando é novo e estranho para quase todos os nossos leitores; por esta razão faremos bem em andarmos devagar. Recorramos de novo às Es¬crituras. No final de Romanos capítulo 11, onde o apóstolo con¬clui sua longa argumentação sobre a salvação pela pura e sobe¬rana graça, pergunta ele: "Por que quem compreendeu o intento do Senhor? Ou quem foi seu conselheiro? Ou quem lhe deu pri¬meiro a ele, para que lhe seja recompensado?" (vers. 34-35). A importância disto é que é impossível submeter o Todo-poderoso a quaisquer obrigações para com a criatura; Deus nada ganha da nossa parte. "Se fores justo, que lhe darás, ou que receberá da tua mão? A tua impiedade faria mal a outro tal como tu; e a tua justiça aproveitaria a um filho do homem" (Jó 35:7-8), mas cer¬tamente não pode afetar a Deus, que é bem-aventurado em Si mesmo. "...quando fizerdes tudo o que vos for mandado, dizei: Somos servos inúteis, porque fizemos somente o que devíamos fazer" (Lucas 17:10) — nossa obediência não dá nenhum proveito a Deus.
De mais a mais, vamos além: nosso Senhor Jesus Cristo não acrescentou nada a Deus em Seu Ser essencial e à glória essencial do Seu Ser, nem pelo que fez, nem pelo que sofreu. É certo, bendita e gloriosamente certo, que Ele nos manifestou a glória de Deus, porém nada acrescentou a Deus. Ele próprio o declara expressamente, e não há apelação quanto às Suas palavra.; "... não tenho outro bem além de ti" (Salmo 16:2; na versão usada pelo autor, literalmente: "... a minha bondade não chega a Ti"). Em toda a sua extensão, este é um Salmo sobre Cristo. A bondade e a justiça de Cristo alcançou os Seus santos na terra (Salmo 16:3), mas Deus estava acima e além disso tudo, pois unicamente Deus é "o Bendito" (Marcos 14:61, no grego).
É absolutamente certo que Deus é honrado e desonrado pelos homens; não em Seu Ser essencial, mas em Seu caráter oficial. É igualmente certo que Deus tem sido "glorificado" pela criação, pela providência e pela redenção. Não contestamos isso, e não ousamos fazê-lo nem por um momento. Mas isso tudo tem que ver com a Sua glória declarativa e com o nosso reconhecimento dela. Todavia, se assim Lhe aprouvesse, Deus poderia ter continuado só, por toda a eternidade, sem dar a conhecer a Sua glória a qualquer criatura. Que o fizesse ou não, foi determinado unicamente por Sua própria vontade. Ele era perfeitamente bem-aventurado em Si mesmo antes de ser chamada à existência a primeira criatura. E, que são para Ele todas as Suas criaturas, mesmo agora? Deixemos outra vez que as Escrituras dêem a resposta: "Eis que as nações são consideradas por ele como a gola dum balde, e como o pó miúdo das balanças: eis que lança por ai as ilhas como a uma coisa pequeníssima. Nem todo o Líbano basta para o fogo, nem os seus animais bastam para holocaustos. Todas as nações são como nada perante ele; ele as considera menos do que nada e como uma coisa vã. A quem pois fareis semelhante a Deus: ou com que o comparareis?" (Isaías 40:15-18). Esse é o Deus das Escrituras; infelizmente Ele continua sendo o "Deus desconhecido" (Atos 17:23) para as multidões desatentas. "Ele é o que está assentado sobre o globo da terra, cujos moradores são para ele como gafanhotos; ele é o que estende os céus como cor¬tina, e os desenrola como tenda para neles habitar; o que faz voltar ao nada os príncipes e torna coisa vã os juízes da terra" (Isaías 40.22-23). Quão imensamente diverso é o Deus das Escri¬turas do "deus" do púlpito comum!
O testemunho do Novo Testamento não tem nenhuma dife¬rença do que vemos no Velho Testamento; como poderia ser, uma vez que ambos têm o mesmo Autor! Ali também lemos: "A qual a seu tempo mostrará o bem-aventurado, o único poderoso Senhor, Rei dos reis e Senhor dos senhores; aquele que tem, ele só, a imortalidade, e habita na luz inacessível; a quem nenhum dos homens viu nem pode ver: ao qual seja honra e poder sempiterno. Amém" (1 Timóteo 6:15-16). O Ser que aí é descrito deve ser reverenciado, cultuado, adorado. Ele é solitário em Sua majestade, único em Sua excelência, incomparável em Suas perfeições. Ele tudo sustenta, mas Ele mesmo é independente de tudo e de todos. Ele dá bens a todos, mas não é enriquecido por ninguém.
Um Deus tal não pode ser encontrado mediante investigação; só pode ser conhecido como e quando revelado ao coração Espírito Santo, por meio da Palavra. É verdade que a criação manifesta um Criador, e isso com tanta clareza, que os homens fi¬cam "inescusáveis" (Romanos 1:20); contudo, ainda temos que dizer com Jó: "Eis que isto são apenas as orlas dos seus cami¬nhos; e quão pouco é o que temos ouvido dele! Quem pois en¬tenderia o trovão do seu poder?" (Jó 26:14). Cremos que o argumento baseado no desígnio, assim chamado, argumento apre¬sentado por "apologetas" bem intencionados, tem causado mais dano que benefício, pois tenta baixar o grande Deus ao nível do entendimento finito e, com isso, perde de vista a Sua singular excelência.
Tem-se feito uma analogia com o selvagem que achou um relógio e que. depois de um detido exame, inferiu a existência de um relojoeiro. Até aqui, tudo bem. Tentemos ir mais longe, porém. Suponhamos que o selvagem procure formar uma concepção pessoal desse relojoeiro, de seus afetos pessoais, de suas maneira, de sua disposição, conhecimentos e caráter moral — de tudo aquilo que se junta para compor uma personalidade. Poderia ele chegar a imaginar ou pensar num homem real ___ o homem que fabricou o relógio — de modo que pudesse dizer: "Eu o conhe¬ço"? Fazer perguntas como esta parece fútil, mas estará o eterno e infinito Deus tanto mais ao alcance da razão humana? Real¬mente, não. O Deus das Escrituras só pode ser conhecido por aqueles a quem Ele próprio Se dá a conhecer.
Tampouco o intelecto pode conhecer a Deus. "Deus é espí¬rito..." (João 4:24) e, portanto, só pode ser conhecido espiri¬tualmente. Mas o homem decaído não é espiritual; é carnal, Está morto para tudo que é espiritual. A menos que nasça de novo, que seja trazido sobrenaturalmente da morte para a vida, miraculosamente transferido das trevas para a luz, não pode sequer ver as coisas de Deus (João 3:3), e muito menos entendê-las (1 Coríntios 2:14. E mister que o Espírito Santo brilhe em nossos cora¬ções (não no intelecto) para dar-nos o "... conhecimento da gló¬ria de Deus, na face de Jesus Cristo" (2 Coríntios 4:6). E até mesmo esse conhecimento espiritual é apenas fragmentário. A alma regenerada terá de crescer na graça e no conhecimento do Senhor Jesus (2 Pedro 3:18).
A nossa principal oração e finalidade como cristãos deve ser que possamos "... andar dignamente diante do Senhor, agradando-lhe em tudo, frutificando em toda a boa obra, e crescendo no conhecimento de Deus" (Colossenses 1:10).



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Material extraído do livro: OS ATRIBUTOS DE DEUS, ARTHUR W. PINK

terça-feira, 10 de agosto de 2010

ANOTAÇÕES DA EXPOSIÇÃO DE FILIPENSES 1.12-20 (SERMÃO N° 4)

Exposição Filienses, por Silas Roberto Nogueira
Texto: Filipenses 1:12-20

Introdução
No estudo anterior falamos sobre a nossa maior necessidade, o amor. Dos seus dois elementos práticos – conhecimento e percepção e as conseqüências do amor crescente na igreja – experimentar coisas excelentes, sinceridade e fruto de justiça.

Neste trecho quase biográfico, observou Dr. Shedd “vemos, primeiramente, atitudes, um modo de ver, uma maneira de avaliar as circunstâncias e as pessoas”. Há uma progressão de tempos verbais no português do passado para o presente e deste para o futuro e Paulo apresenta o seu modo de encarar tudo isso. Como reagimos ao que acontece conosco é a coisa mais importante, ou como diria Dr. Lloyd-Jones “é o que é vital na vida”. O que temos neste texto é uma amostra de como alguém que colocou Cristo no centro de sua vida reage ao que lhe acontece.

1. COMO PAULO REAGE AO SOFRIMENTO PROVOCADO PELO MUNDO, v.12,13
Darei atenção à frase: “as coisas que me aconteceram”. Paulo com esta frase se refere às suas “prisões” (1:7,13,14) e os sofrimentos advindos disto. Lembre-se Paulo foi preso e sofreu injustamente. O livro de Atos tem como função oferecer uma defesa do evangelho, por isso narra as prisões de Paulo e acima de tudo, mostra que ele não era um criminoso. Ele foi preso em Jerusalém num levante dos judeus, depois, por causa de uma cilada, foi transferido para Cesaréia, embora as autoridades atestassem sua inocência ele ficou preso também porque não lhes pagou suborno. Enquanto escreve esta carta estava preso, não mais em Cesaréia, mas em Roma. Foi-lhe permitido alugar uma casa e ali recebia pessoas e anunciava o evangelho. Ele estava preso, mas não o evangelho prosseguiu “sem impedimento”. Como Paulo reage ao sofrimento injusto? Ele não culpa Deus. Ele não murmura, nem se faz de vítima. Não se vê como alvo de ira divina ou de alguma obra maligna. Ele vê tudo o que lhe acontece como uma oportunidade da parte de Deus para testemunhar. Por isso ele diz “contribuíram para o progresso do evangelho”. Quando preso em Jerusalém, pregou à multidão enfurecida e depois ao Sinédrio; quando em Cesaréia, às autoridades; quando enviado a Roma, aos tripulantes e mais tarde aos nativos de uma ilha; quando em Roma, acorrentado a um soldado, pregou a toda guarda pretoriana e sua casa era um centro evangelístico.

Conheci um pastor chamado Bartimeu Vaz de Almeida Junior. Ele foi o diretor da Cruzada Estudantil e Profissional para Cristo e foi também pastor da Primeira Igreja Batista em Santo André. Veio a falecer devido a uma grave enfermidade, mas durante os meses de sua internação a cada uma das enfermeiras que ele conheceu pregava o evangelho de Cristo. Não estava irado com Deus pela sua doença, mas encarava aquele momento como uma oportunidade para curar almas com uma doença que era mais grave do que aquela que debilitava seu corpo.

Como você encara o sofrimento? Quem tem Cristo como centro de sua vida olha cada circunstância como uma oportunidade de glorificá-Lo.

2. COMO PAULO REAGE A OPOSIÇÃO VELADA ENTRE OS IRMÃOS, v.14-18
Prestemos atenção às palavras: “a maioria dos irmãos” (14). A situação aqui é sem igual. Quando Paulo chegou a Roma é possível que os irmãos não tivessem uma atitude positiva em relação a sua prisão. Mas passado algum tempo, motivados no Senhor, começaram com ousadia a pregar. Esse é o sonho de todo pastor, uma igreja onde a maioria está envolvida na tarefa de ganhar almas. No entanto, Paulo nota que a igreja está dividida. Alguns têm evangelizado de “boa mente” (15), mas um grupo pequeno anuncia o Cristo por motivos torpes. Para fazer com que Paulo sofresse com o sucesso de seus ministérios. Certo comentarista diz que os opositores de Paulo tinham em sua prisão uma condição de fraqueza e derrota por que eram triunfalistas. Como Paulo reage à oposição velada dentro da igreja? Ouso dizer que a reação de Paulo é desconcertante. Note que Paulo não condena a doutrina e nem os pregadores. Paulo discerne as intenções e avalia os resultados. (v. 15,17,18). Nada de retaliação ou defesa da sua posição como apóstolo. Simplesmente ele discerne a motivação dos seus opositores e depois de avaliar os resultados – Cristo esta sendo pregado - alegra-se. Quando ele diz “que importa” ele demonstra que nunca esteve preocupado consigo mesmo, com sua reputação, mas com o fato de Cristo ser anunciado.

Esta igreja de Filipos era como a igreja de certo pastor que dizia que cem por cento dos membros eram ativos, causando espanto nos outros pastores. Ao questionarem o segredo de como envolver a igreja toda, respondeu: é que cinqüenta por cento está comigo e os outros cinqüenta estão contra.

Como você encara a oposição entre irmãos? Ataca? Ressente-se? Faça como Paulo, discirna as intenções e avalie os resultados. Se o nome de Cristo está sendo glorificado, não se importe, alegre-se.

3. COMO PAULO REAGE AO FUTURO INCERTO, v.19,20.
O futuro é sempre motivo de muita ansiedade pela incerteza que o cerca. No caso de Paulo era questão de vida ou morte. Ele aguardava o julgamento e a sentença por parte do Estado. Não podia prever se estaria solto, prosseguindo seu programa missionário ou se seria condenado à morte, pondo fim a sua carreira como apóstolo. Como Paulo reage ao futuro incerto? Sua filosofia de vida está descrita no v.20 e resumida no v. 21. Quer viva ou morra, Cristo será engrandecido no seu corpo. Observou Dr. Shedd “quando uma pessoa tem sua confiança total no Deus onipotente, nada de rui pode sobrevir, porque os eventos e as circunstâncias são controlados por ele. Só havia duas opções, e qualquer delas que Deus escolhesse para Paulo tinha que ser o melhor”. Geralmente as pessoas dizem que o futuro a Deus pertence, querendo dizer com isso que o futuro é incerto. Mas se você pertence ao Deus a quem pertence o futuro, seu futuro não é incerto. De onde vem a certeza de Paulo quanto ao futuro? Paulo revela que a oração intercessora e o auxílio do Espírito é o que lhe fornece esperança de não ser envergonhado (19,20). O sentido da frase “pela provisão do Espírito” é a de um corpo sendo suprido pela cabeça de vida, nutrição e direção. Não é estar cheio do Espírito Santo, mas ter aquela força interior que nos reveste de ousadia necessária para fazer a coisa certa. Paulo aguardava o julgamento e sabia que sua liberdade poderia ser obtida se negasse ao Senhor, por isso ele diz que no momento crucial, com auxílio do Espírito, não será envergonhado, “antes com ousadia Cristo será engrandecido no meu corpo...” (20).

Wacthman Nee ficou preso injustamente por 20 anos. Todos os dias lhe pediam que renegasse ao Senhor para que fosse solto. Ele resistiu até que em 1972 ele faleceu na cadeia. De onde vem tal determinação senão do Espírito Santo?

Devemos buscar auxílio no Espírito Santo, pois não importa quão incerto seja o futuro – ele pertence ao Deus a quem pertencemos, estamos seguros.

Conclusão:
O vital na vida é como reagimos ao que nos acontece. Quando vem o sofrimento, a oposição ou a incerteza do futuro, como você reage? Se Cristo domina a sua vida totalmente, os sofrimentos são oportunidades, a oposição é vencida com discernimento e avaliação e o futuro perde seu terror, não importa o que venha, estamos seguros nEle e por Ele.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Anotações da exposição de Filipenses 1:9-11 (Sermão 3)

Anotações da exposição de Filipenses 1:9-11

Pr. Silas R. Nogueira

Paulo começou dando graças a Deus pela obra que Ele [Deus] começou e iria terminar entre os filipenses [1.6]. Essa obra iniciada por Deus e que seria terminada também por Ele exige dos filipenses um desenvolvimento. “Operai a vossa salvação com temor e tremor” [2.12]. A oração é primordial para esse “desenvolvimento”. Ninguém discute que a oração é sumamente importante no crescimento espiritual. O apóstolo exorta os crentes a que “façam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pala súplica, com ações de graças” [4.6]. Contudo, ao orar pelos crentes de Filipos o apóstolo faz apenas um pedido. Nessa oração o apóstolo Paulo demonstra a nossa maior necessidade.

1. AMOR CRESCENTE, O ÚNICO PEDIDO DE PAULO, v.9
Um único pedido:
(1) Era a sua maior necessidade. Eles tinham amor – “vosso amor”. Mas, amor é algo dinâmico, se parar esfria. Quando o amor esfria, as motivações torpes surgem: 2:2-4 (partidarismo/vanglória); 14,15 (murmurações,contendas); 4:2,3 (desentendimentos pessoais).
(2) Encerra todas as necessidades do cristão: (a) cumpre o mandamento (Rm.13:10); (b) é superior aos dons (1 Co.12:31); (c) motiva a evangelização (2 Co.5:14); (d) é a força da santificação (1 Jo.2:10, 15);
(3) amor nunca é suficiente – “aumente mais e mais” (Ef. 3:16-19).
Ilustração:
Aplicação: Incluir amor entre as nossas necessidades urgentes; por quê? O amor é marca distintiva do cristianismo e o vinculo da perfeição, Cl. 3:14.

2. ELEMENTOS PRÁTICOS DO AMOR, v.9b
Os dois elementos básicos do amor:
(a) Conhecimento. (“ciência”-ARC) Não é o conhecimento que vem com diplomas universitários, antes é o conhecimento e experiência das realidades espirituais (Cl.1:9). Este tipo de conhecimento guia as nossas relações com Deus. Ele nos ajuda a entender aquilo que nos aguarda (Ef.1:17,18), nos ajuda a experimentar a Sua vontade e nos confere poder, perseverança, longanimidade e alegria, Cl. 1:10,11.;
(b) Percepção. (“conhecimento”-ARC) É a capacidade de tomar sábias decisões, maturidade. Essa percepção nos ajuda no relacionamento com os outros. É o discernimento que nos ajuda a decidir à luz das conseqüências eternas, não somente de valores momentâneos.
Ilustração:
Aplicação: O amor que dizemos ter possui esses dois elementos? O teste elementar é saber se você tem crescido no seu relacionamento com Deus e no serviço ao próximo. Se faltar um desses elementos, não temos de fato amor, mas um sentimento meramente carnal e prejudicial.

3. CONSEQUÊNCIAS DO AMOR, v.10,11
Conseqüências:
(1) Experimentar as coisas excelentes. Não é apenas decidir entre uma coisa boa e má, mas também entre coisas boas e boas, ou excelentes, 1 Co. 12:31;
(2) Sinceridade – (sem cera) testado pela luz do sol; íntegro; (3) Fruto de justiça, Gl.5:22. F. E. Schleiermacher dizia: “o fruto do Espírito não é outra coisa senão as virtudes de Cristo”. Note que Paulo diz “cheios do fruto...” – a plenitude da vida cristã reside na plenitude do caráter de Cristo. Depois, Paulo diz “o qual é mediante” – não podemos produzir o caráter ou virtudes de Cristo por nós mesmos, mas Ele faz isso em nós.
Ilustração:
Aplicação: Seu amor o tem feito escolher entre o bom e o melhor? O tem feito mais íntegro, sem máscaras? Tem trazido as virtudes de Cristo?

Conclusão: v.11b. O amor é o que nos faz viver para a glória e louvor a Deus – “para a Glória e louvor de Deus”. O amor é a nossa maior necessidade, devia ser, portanto, o nosso único pedido a Deus. Temos pedido isso ao Senhor?

quarta-feira, 2 de junho de 2010

QUAIS SÃO AS MARCAS VISÍVEIS DAS PESSOAS SANTIFICADAS?

POR: J. C. RYLE
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a) Santificação é mais do que falar sobre religião. Algumas pessoas estão tão familiarizadas com palavras e frases do evangelho e de falar tão fluentemente sobre eles, que convencem outros de que são de fato crentes. Deus não deseja que seu povo seja simplesmente um vaso vazio, como gongos ou como címbalos ecoando. “Não amemos com palavras, mas com ações e em verdade” (1 João 3.18)

(b) Santificação não é apenas uma apreciação temporária dos sentimentos religiosos. Serviços especiais (missionários) e reuniões de avivamento podem atrair muita atenção e devemos agradecer a Deus quando eles apresentam a mensagem do evangelho a muitas pessoas. Mas essas coisas são acompanhadas de muitos perigos, bem como de vantagens. Onde é semeado trigo, o diabo vai semear joio. Precisamos ter cuidado com a excitação religiosa que leva alguns a sentir uma atração temporária pelo Senhor. Depois de algum tempo, entretanto, eles caem (e voltam ao mundo) e se tornam mais endurecidos e piores do que antes. Devemos exortar todos os que mostram um novo interesse no cristianismo a se contentar com nada menos que uma profunda obra de santificação do Espírito Santo.

(c) Santificação não é apenas a realização ocasional de ações corretas. Muitas pessoas sinceras tem prazer em fazer, de tempos em tempos, o que eles sentem que são atos religiosos. Contudo, receio de que essa religiosidade externa é um substituto para a santidade interior. Eu sinto que há necessidade de falar claramente sobre este assunto. Pode haver uma quantidade imensa de serviços corporais enquanto não há santificação real.

(d) Santificação não consiste em retirar-se da vida quotidiana no mundo. Em cada época tem havido aqueles que acreditam que retirar-se em reclusão do mundo é uma estrada para a santificação. Mas onde quer que vamos, nós carregamos conosco a fonte do mal – os nossos corações. A verdadeira santidade não é uma planta frágil que só pode sobreviver em uma estufa, mas é forte e vigorosa e pode florescer na vida normal diária. A verdadeira santidade não faz o cristão evitar a dificuldade, mas enfrentá-la e superá-la.

(e) Santificação [verdadeira] manifesta-se no habitual respeito daquilo que Deus requer de nós. Quem tenta ser santo e ao mesmo tempo despreza os Dez Mandamentos quebrando qualquer um deles está seriamente iludido e terá dificuldades para provar que é “santo” naquele “último dia”.

(f) Santificação [verdadeira] manifesta-se no constante esforço para fazer a vontade de Cristo. Seus requisitos práticos são encontrados em todos os Evangelhos e no sermão do monte. Nosso Senhor ensinou seus discípulos continuamente o que deveriam ser e fazer. “Vós sois meus amigos se fizerdes os que eu vos mando” ( João 15.14), foram as Suas palavras. Nós ainda servimos a este mesmo Senhor.

(g) Santificação [verdadeira] se manifesta num desejo de viver de acordo com o padrão para as Igrejas, estabelecidos por Paulo. Esse padrão pode ser encontrado nos capítulos finais de quase todas as suas Epístolas. Eu desafio qualquer pessoa a ler com cuidado os escritos de Paulo sem encontrar neles um grande número de claras orientações práticas sobre o dever do cristão, em cada relacionamento da vida. Estas instruções foram escritas por inspiração divina, para a orientação dos cristãos professos.

(h) Santificação [verdadeira] se manifesta na atenção a todas as graças espirituais que o Senhor tão bem exemplificou. “assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros. Nisto conhecerão que sois meus discípulos.” (João 13.34,35). Pedro escrevendo aos crentes diz: “Porquanto para isto mesmo fostes chamados, pois que também Cristo sofreu em vosso lugar, deixando-vos exemplo para seguirdes os seus passos, o qual não cometeu pecado, nem dolo algum se achou em sua boca; pois ele, quando ultrajado, não revidava com ultraje; quando maltratado, não fazia ameaças, mas entregava-se àquele que julga retamente” (1 Pedro 2.21-23). Paulo nomeou nove graças na lista do fruto do Espírito em Gálatas 5.22-23. Não faz sentido a pretensão de santificação a menos que exibamos estas coisas em nossas vidas. Nem todos os crentes apresentam todas estas marcas, mas elas são o padrão bíblico que todos os fiéis devem procurar.
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Aspects of Holiness, J. C. Ryle, Grace Publications, pp. 25-27
Tradução livre e adaptação: Silas Roberto Nogueira

sexta-feira, 28 de maio de 2010

ESTUDOS NA ESPÍSTOLA AOS FILIPENSES (Sermão 2) Texto: Filipenses 1:1-11

Por: Pr. Silas Roberto Nogueira
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(1) REMEMORAR: no domingo passado falamos que esta carta é uma das mais líricas e felizes das cartas de Paulo.
(a) É uma das cartas onde Paulo deixa seu coração transbordar de alegria pela comunhão desta igreja em seu ministério (1:5-8,19;4:1,10,14,15).
(b) Depois, é notável que Paulo demonstre o sucesso do propósito divino.
(c) E que a nota dominante desta carta é a alegria que está acima de toda e qualquer circunstância (3:1;4:4,10).
(d) então, depois de lermos a saudação lhes falei sobre o que é ser escravo, como Paulo e todo o cristão se torna escravo e o que isso significa na prática. O cristão como escravo de Cristo pertence exclusivamente a Cristo, deve obediência exclusiva a Cristo e desempenha uma função exclusivamente para Ele. Por último, que ser escravo de Cristo pode nos proporcionar grande alegria por causa do Senhor a quem pertencemos.
(2) Quero tratar com os irmãos do segundo parágrafo do capítulo 1, que vai dos versículos 3 até 11. Neste trecho, o versículo chave é o 6, Paulo apresenta as razões das suas ações de graças e, então, intercede, como era seu costume pelos crentes. Nele o apóstolo demonstra claramente o sucesso do propósito de Deus. Este texto é o que vamos estudar juntos nesta noite.

1. DEUS É O AUTOR DA NOSSA SALVAÇÃO
(A) QUEM É O “AQUELE”? Não poderia ter sido Paulo, ele diária “a obra que comecei”. Não poderiam ter sido os próprios filipenses, ele diria “a obra que vocês começaram”. Paulo diz “dou graças ao meu Deus” (v.3) revelando a identidade do autor da boa obra.
(B) QUANDO TEVE INICIO A BOA OBRA? O plano de Deus foi idealizado na eternidade, 2 Tm. 1:9,10; Deus o realizou no tempo.
(C) COMO FOI INICIADA A OBRA? Examinemos o caso de Lídia, At.16. O texto diz que Lídia ouvia a mensagem quando Deus abriu seu coração “para atender as coisas que Paulo dizia”. Por isso Paulo diz “começou a boa obra em vós” – não entre vós. É no interior do homem, na sua alma. Deus o Espírito Santo atuou em Lídia dispondo seu coração a atender ao evangelho. Deus regenerou Lídia. O marco inicial da boa obra é o novo nascimento, que eu é obra de Deus, Jo.3.
ILUSTRAÇÃO: A conversão de Carlos.
APLICAÇÃO: Como você se tornou um cristão? Deus agiu. Isso nos enche de alegria.

2. DEUS É O SUSTENTADOR DA NOSSA SALVAÇÃO
(A) “DEUS COMEÇOU” – O QUE SIGNIFICA? Deus começou, o resto é conosco? (Gál. 3:3). Deus começou, não preciso fazer nada? “Deus começou boa obra em vós” – note que Deus começou, não está terminada. Note que Paulo diz “em vós” – a obra é em nós, e isso significa que nossa pessoa está envolvida.
(B) COMO ISSO SE DARÁ? Paulo explica isso em 2:12,13. Deus nos concedeu um novo coração e nele pôs seu Espírito e isso nos fará desejar ardentemente a santificação e nos fará perseverar em santidade.
ILUSTRAÇÃO: Mãe abandona o filho. Filho quieto é normal? Criança chora de fome.
APLICAÇÃO: Devemos desejar com muita vontade o leite espiritual (1 Pe. 2:2); Como? Isso se dá quando você se aproxima mais de Cristo. (2 Pe.2:4); Por que? Assim que obtemos o crescimento para a salvação (2 Pe. 2:2).


3. DEUS É O CONSUMADOR DA NOSSA SALVAÇÃO
(A) UMA PROMESSA: Ele começou, terminará; Conhecemos Seu poder; ele revelou seu propósito. Os meios: comunhão, serviço e sofrimento. (1:27-30)
(B) QUAIS OS RESULTADOS? Segurança e perseverança.
(C) O PROPÓSITO? “até ao dia de Cristo” – ele está conduzindo a história para a sua consumação de todas as coisas. Não sabemos quando será esse dia, mas uma coisa é certa está mais próxima agora do que quando a boa obra começou em nós, Rm. 13:11.
ILUSTRAÇÃO: Há sempre uma obra inacabada do homem, mas nunca de Deus.
APLICAÇÃO: Pergunte a si mesmo se Deus começou esta boa obra em sua vida. Como saber? Se estiver presente em sua vida a (a) comunhão (colaboração na expansão do reino), 1:5ª; (b) a perseverança (“desde o primeiro dia”), 1:5b; (c) a defesa do evangelho, 1:7; (d) amor ao próximo (“mais e mais”), 1:9; (e) e o discernimento em buscar as coisas mais excelentes, 1:11 – Deus começou em você a boa obra.

Conclusão:
Saiba que os propósitos de Deus não podem ser frustrados – ele é o autor, sustentador e consumador da nossa salvação – e isso é motivo de alegria verdadeira de Paulo em 1:4. Se Deus começou em você a boa obra, alegre-se porque Ele vai terminá-la, não importa o que aconteça, Ele não pode ser frustrado.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

ESTUDOS NA ESPÍSTOLA AOS FILIPENSES (Sermão 1) Texto: Filipenses 1:1,2


Por: Pr. Silas Roberto Nogueira


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Essa primeira parte da exposição da carta aos Filipenses que intitulei "Estudos na Epístola aos Filipenses" é uma de muitas outras que pretendo postar. Elas são anotações dos sermões ministrados pelo Pr. Silas Roberto Nogueira, na casa de nosso amado irmão Jairo, que cedeu seu lar aos sábados para que ali juntos cultuássemos ao nosso Senhor e aprendermos mais de sua Palavra. Espero que da mesma forma que fomos abençoados por meio dessas mensagens vindas da parte de Deus para nossos corações, possa abençoar você querido leitor.
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Caracteristicas, Autoria e Destinátario


(1) Caracteristicas Dr. Lloyd-Jones, um dos grandes expositores da Bíblia, quando fez uma série de sermões nesta Epístola declarou que ele era a mais lírica e feliz das cartas de Paulo. Sem dúvida isso é verdade e quero destacar as seguintes razões para isso:
• É uma carta onde Paulo deixa seu coração transbordar em alegria pela “comunhão” desta igreja em seu ministério. (1:5-8,19; 4:1,10,14,15). Eles oravam por Paulo, se interessavam pelo seu ministério de tal modo que enviavam sempre que podiam ofertas que o supriam.
• É uma carta que demonstra o sucesso do propósito divino. Em Atos 16 está claro que o iniciador da obra em Filipos foi Deus. Primeiro Ele deu uma visão a Paulo para pregar a palavra naquela região (6-10), abriu o coração dos que o ouviam (14,15), deu poder a Paulo para libertar uma jovem possessa (16-18) razão pela qual foi preso e a sofreu injustiças, de onde os tirou mediante um terremoto que culminou na salvação do carcereiro (19—34). Tudo isso colaborou para estabelecer uma igreja ali, logo, os propósitos de Deus não podem ser frustrados.
• É uma carta em que Paulo fala da alegria e do triunfo do crente sobre todas as circunstâncias. É uma alegria que não tem origem no homem, mas em Deus (“alegrai-vos no Senhor”, 3:1;4:4,10). Uma alegria “apesar de” – Paulo estava alegre apesar de estar só na prisão (2:20,21), da pregação do evangelho estar sendo ameaçada pela atuação de pregadores invejosos (1:15;2:21), apesar da lutas e tribulações (4:14). O crente pode experimentar alegria apesar da contradição, isso é o que significa “posso todas as coisas naquele que me fortalece”.

(2) AUTORIA: Não há razão para duvidar da autenticidade desta Epístola, seu autor é de fato Paulo. Além disso, há abundante uso dos pronomes possessivos e na primeira pessoa. Depois ele inclui dados biográficos, ele fala de si mesmo. Quando escreveu estava preso. Onde ele estava é uma questão debatida, mas não influi no entendimento do texto. Há duas hipóteses, Roma e Éfeso. Se estivesse em Roma, a melhor data é cerca de 60 e 61. Se em Éfeso, as datas têm de ser entre 50 e 51.

(3) DESTINATÁRIOS: Os destinatários são os crentes de Filipos. Filipos era uma importante cidade do Império Romano e onde predominavam os gentios. E foi um dos primeiro lugares da Europa a receber o evangelho e isso marcou o continente europeu até os dias de hoje. Note que Paulo diz “aos santos” – isso é que os crentes são. O porquê é explicado na expressão “em Cristo”. Santidade é algo que nos vem por meio da nossa união com Cristo, doutra forma não pode acontecer isso conosco. O lugar onde eles são santos é em Filipos. Não há necessidade de isolamento para ser santo, mas há necessidade de separação. A santidade não nos afasta dos outros, mas do pecado.

Tendo dito isso, vamos ao seu conteúdo inicial. Numa simples saudação há muito para ser dito que muitos passam por alto. Nada na Bíblia é irrelevante, olhemos para esta saudação novamente. Quero chamar-lhes atenção para a palavra “servos”. Vejamos o que ela nos diz.


1. ENTENDENDO A ESCRAVIDÃO NA BIBLIA
(A) O QUE SIGNIFICA “SERVO? Nos dias do Novo Testamento essa palavra significava “escravo”(gr. doulos). Alguém que não pode dispor de si mesmo como queira por estar sujeito a outro. O escravo é a mais baixa categoria social. Não tinham direitos trabalhistas e, na maioria das vezes, não eram tratados de forma humana, mas como “coisa”.

(B) COMO ALGUÉM SE TORNA ESCRAVO? Alguém se tornava escravo
(a) se nascesse numa família de escravos, Gn.14:14;
(b) se fosse levado cativo de uma batalha, Dt. 20:14; 2 Rs. 5:2;
(c) se fosse incapaz de saldar as suas dívidas, 2 Rs. 4:1;
(d) por vontade própria e, finalmente,
(e) se fosse comprado, Gn. 37:36.

(C) QUAIS AS CARACTERISTICAS DA ESCRAVIDÃO? Podemos destacar
(a) os escravos eram encarregados de algumas responsabilidades, Mt.24:45;
(b) era exigida obediência exclusiva, Mt. 6:24; 8:9;
(c) não recebiam pagamento ou recompensa pelo trabalho, Lc.17:7-10;
(d) o senhor tinha poder absoluto sobre seu escravo, visto que ele era sua propriedade.

2. ENTENDER O CRISTÃO COMO ESCRAVO
(A) COMO PAULO SE TORNOU UM ESCRAVO? Segundo ele mesmo diz em 2 Co. 6: 20; 7:23 era escravo por ter sido “comprado” – ele usa o termo gr. agorazo, próprio para a compra de escravos no mercado. Com isso concordam Pedro (1:17-19) e João (Ap.5:9).
(B) DE QUEM PAULO FOI ADQUIRIDO? O Senhor Jesus deixou bem claro que o pecado escraviza, João 8:32-34. E todo aquele que é escravo do pecado é igualmente escravizado pelo diabo, Ef. 2:1,2. Cristo nos redimiu do poder do pecado e do poder do diabo, para não mais servimos a eles.
(C) O QUE PAULO QUIS DIZER QUANDO SE DESCREVE COMO ESCRAVO? Levando em consideração o que foi dito sobre a condição do escravo, podemos dizer que o que Paulo está dizendo aqui é que:
(a) Ele pertence exclusivamente a Cristo: assim como os escravos pertenciam aos seus senhores;
(b) Ele deve obediência exclusiva a Cristo: assim como os escravos deviam submissão aos seus senhores
(c) Ele desempenha uma função para Seu Senhor: assim como os escravos desempenhavam funções. Ele mesmo diz que a evangelização é uma “obrigação”, algo que é imposto sobre ele, 1 Co. 9:16. Ele irá desempenhá-la com zelo e com entusiasmo, não buscando recompensa, mas por amor.

3. ENTENDER COMO ESSA POSIÇÃO PODE SER UMA BENÇÃO
Para isso basta comparar o que se obtém dos respectivos senhores:
(a) os escravos de si mesmos [dos prazeres da carne] e do diabo não tem descanso, pois o seu senhor é um tirano insaciável;
(b) na escravidão a si mesmo e ao diabo não se obtém segurança [paz] para a alma;
(c) na escravidão a si mesmo e ao diabo não se obtém suprimento para as necessidades, pois tais senhores não se importam com ninguém além deles mesmos. Em Cristo, pelo contrário,
(a) temos um Senhor amoroso que dá descanso às nossas almas,
(b) nos dá paz e segurança e
(c) nos supre em todas as necessidades, 4:19 “meu Deus,segundo sua riqueza, há de suprir, em Cristo, cada uma das vossas necessidades”

Aplicação: O que eu quero perguntar é se você se vê a si mesmo como um escravo de Cristo? Você pertence a Ele exclusivamente? Você O serve lealmente? Você desempenha amoravelmente a tarefa que Ele te incumbiu?

domingo, 16 de maio de 2010

ORAÇÃO E PREDESTINAÇÃO


Por -Pr. John Piper-
Nesse devocional, Piper cria um dialogo entre aquele que ora e aquele que não ora. E esclarece para aqueles que tendem a interrogar os que crêem na doutrina da predestinação: que a providência de Deus não anula a nossa necessidade e dever de oração.
Oração e Predestinação

Aquele que não ora: Entendo que você crê na providência de Deus. Estou certo?

Aquele que ora: Sim.

Aquele que não ora: Isso significa que você crê, como declara o Catecismo de Heidelberg, que nada acontece por acaso, mas tão-somente pelo desígnio e plano de Deus?

Aquele que ora: Sim, creio que a Bíblia ensina isso. orou: “Nenhum dos teus planos pode ser frustrado” ( 42.2). Existem vários textos como este.

Aquele que não ora: Então, por que você ora?

Aquele que ora: Não vejo problema. Por que não devemos orar?

Aquele que não ora: Bem, se Deus ordena e controla tudo, o que Ele planejou no passado acontecerá, certo?

Aquele que ora: Sim.

Aquele que não ora: Logo, isso acontecerá, quer você ore, quer não. Correto?

Aquele que ora: Depende de haver Deus determinado que isso aconteça em resposta à oração. Se Deus predestinou que algo aconteça em resposta à oração, isso não acontecerá sem oração.

Aquele que não ora: Espere um minuto, isto é confuso. Você está dizendo que toda resposta à oração é predeterminada?

Aquele que ora: Sim, é. É predeterminada como resposta à oração.

Aquele que não ora: Isso significa que, se a oração não for apresentada a Deus, a resposta deixará de acontecer?

Aquele que ora: Isso é correto.

Aquele que não ora: Assim, o acontecimento é contingente à nossa oração para que se realize?

Aquele que ora: Sim. Entendo que, por contingente, você está dizendo que oração é o verdadeiro motivo por que a resposta acontece e que sem oração a resposta não aconteceria.

Aquele que não ora: Sim, é isso que estou dizendo. Mas, como pode uma resposta ser contingente à minha oração e ainda estar eternamente determinada e predestinada por Deus?

Aquele que ora: Porque a sua oração é tão predestinada como a resposta.

Aquele que não ora: Explique.

Aquele que ora: Não é complicado. Deus ordenou providencialmente todos os acontecimentos. Ele nunca ordena um acontecimento sem uma causa. A causa é também um acontecimento. Por isso, a causa é ordenada de antemão. Conseqüentemente, você não pode dizer que o acontecimento se realizará, se a causa não acontecer, porque Deus ordenou as coisas de modo contrário. O acontecimento se realiza, se a causa acontece.

Aquele que não ora: Você está dizendo que resposta a oração são sempre ordenadas como efeito da oração, que é uma das causas, e que Deus predestinou a resposta somente como um efeito da causa.

Aquele que ora: Isso está correto. Visto que tanto a causa como o efeito são ambos ordenados ao mesmo tempo, você não pode dizer que o efeito acontecerá, ainda que não haja a causa, porque Deus não ordena efeitos sem causa.

Aquele que não ora: Pode me dar alguns exemplos?

Aquele que ora: Com certeza. Se Deus predestinou que eu morra com um tiro de revólver, eu não morrerei se nenhuma bala for disparada. Se Deus predestinou que eu seja curado por meio de uma cirurgia, e eu não me submeto a tal tratamento, não serei curado. Se Deus predestinou que o fogo consuma a minha casa, por meio de um incêndio, se não há fogo, não há incêndio. Você diria: “Se Deus predestinou que o sol seja brilhante, ele será brilhante, quer haja fogo no sol, quer não”?

Aquele que não ora: Não.

Aquele que ora: Concordo. Por que não?

Aquele que não ora: Por que o brilho do sol resulta do fogo.

Aquele que ora: Isso é que eu penso sobre as respostas à oração. Elas são o brilho, e a oração, é o fogo. Deus estabeleceu o universo de modo que, em grande medida, ele seja regido pela oração, da mesma maneira como estabeleceu o brilho de modo que, em grande medida, ele aconteça por meio do fogo. Isso não é lógico?

Aquele que não ora: Creio que sim.

Aquele que ora: Então, deixemos da argumentar sobre problemas e prossigamos com o que as Escrituras dizem: “Pedi e não recebeis” (Jo. 16.24); e: “Nada tendes porque não pedis” (Tg. 4.2)