Páginas

sexta-feira, 28 de maio de 2010

ESTUDOS NA ESPÍSTOLA AOS FILIPENSES (Sermão 2) Texto: Filipenses 1:1-11

Por: Pr. Silas Roberto Nogueira
------------------------------------------------------

(1) REMEMORAR: no domingo passado falamos que esta carta é uma das mais líricas e felizes das cartas de Paulo.
(a) É uma das cartas onde Paulo deixa seu coração transbordar de alegria pela comunhão desta igreja em seu ministério (1:5-8,19;4:1,10,14,15).
(b) Depois, é notável que Paulo demonstre o sucesso do propósito divino.
(c) E que a nota dominante desta carta é a alegria que está acima de toda e qualquer circunstância (3:1;4:4,10).
(d) então, depois de lermos a saudação lhes falei sobre o que é ser escravo, como Paulo e todo o cristão se torna escravo e o que isso significa na prática. O cristão como escravo de Cristo pertence exclusivamente a Cristo, deve obediência exclusiva a Cristo e desempenha uma função exclusivamente para Ele. Por último, que ser escravo de Cristo pode nos proporcionar grande alegria por causa do Senhor a quem pertencemos.
(2) Quero tratar com os irmãos do segundo parágrafo do capítulo 1, que vai dos versículos 3 até 11. Neste trecho, o versículo chave é o 6, Paulo apresenta as razões das suas ações de graças e, então, intercede, como era seu costume pelos crentes. Nele o apóstolo demonstra claramente o sucesso do propósito de Deus. Este texto é o que vamos estudar juntos nesta noite.

1. DEUS É O AUTOR DA NOSSA SALVAÇÃO
(A) QUEM É O “AQUELE”? Não poderia ter sido Paulo, ele diária “a obra que comecei”. Não poderiam ter sido os próprios filipenses, ele diria “a obra que vocês começaram”. Paulo diz “dou graças ao meu Deus” (v.3) revelando a identidade do autor da boa obra.
(B) QUANDO TEVE INICIO A BOA OBRA? O plano de Deus foi idealizado na eternidade, 2 Tm. 1:9,10; Deus o realizou no tempo.
(C) COMO FOI INICIADA A OBRA? Examinemos o caso de Lídia, At.16. O texto diz que Lídia ouvia a mensagem quando Deus abriu seu coração “para atender as coisas que Paulo dizia”. Por isso Paulo diz “começou a boa obra em vós” – não entre vós. É no interior do homem, na sua alma. Deus o Espírito Santo atuou em Lídia dispondo seu coração a atender ao evangelho. Deus regenerou Lídia. O marco inicial da boa obra é o novo nascimento, que eu é obra de Deus, Jo.3.
ILUSTRAÇÃO: A conversão de Carlos.
APLICAÇÃO: Como você se tornou um cristão? Deus agiu. Isso nos enche de alegria.

2. DEUS É O SUSTENTADOR DA NOSSA SALVAÇÃO
(A) “DEUS COMEÇOU” – O QUE SIGNIFICA? Deus começou, o resto é conosco? (Gál. 3:3). Deus começou, não preciso fazer nada? “Deus começou boa obra em vós” – note que Deus começou, não está terminada. Note que Paulo diz “em vós” – a obra é em nós, e isso significa que nossa pessoa está envolvida.
(B) COMO ISSO SE DARÁ? Paulo explica isso em 2:12,13. Deus nos concedeu um novo coração e nele pôs seu Espírito e isso nos fará desejar ardentemente a santificação e nos fará perseverar em santidade.
ILUSTRAÇÃO: Mãe abandona o filho. Filho quieto é normal? Criança chora de fome.
APLICAÇÃO: Devemos desejar com muita vontade o leite espiritual (1 Pe. 2:2); Como? Isso se dá quando você se aproxima mais de Cristo. (2 Pe.2:4); Por que? Assim que obtemos o crescimento para a salvação (2 Pe. 2:2).


3. DEUS É O CONSUMADOR DA NOSSA SALVAÇÃO
(A) UMA PROMESSA: Ele começou, terminará; Conhecemos Seu poder; ele revelou seu propósito. Os meios: comunhão, serviço e sofrimento. (1:27-30)
(B) QUAIS OS RESULTADOS? Segurança e perseverança.
(C) O PROPÓSITO? “até ao dia de Cristo” – ele está conduzindo a história para a sua consumação de todas as coisas. Não sabemos quando será esse dia, mas uma coisa é certa está mais próxima agora do que quando a boa obra começou em nós, Rm. 13:11.
ILUSTRAÇÃO: Há sempre uma obra inacabada do homem, mas nunca de Deus.
APLICAÇÃO: Pergunte a si mesmo se Deus começou esta boa obra em sua vida. Como saber? Se estiver presente em sua vida a (a) comunhão (colaboração na expansão do reino), 1:5ª; (b) a perseverança (“desde o primeiro dia”), 1:5b; (c) a defesa do evangelho, 1:7; (d) amor ao próximo (“mais e mais”), 1:9; (e) e o discernimento em buscar as coisas mais excelentes, 1:11 – Deus começou em você a boa obra.

Conclusão:
Saiba que os propósitos de Deus não podem ser frustrados – ele é o autor, sustentador e consumador da nossa salvação – e isso é motivo de alegria verdadeira de Paulo em 1:4. Se Deus começou em você a boa obra, alegre-se porque Ele vai terminá-la, não importa o que aconteça, Ele não pode ser frustrado.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

ESTUDOS NA ESPÍSTOLA AOS FILIPENSES (Sermão 1) Texto: Filipenses 1:1,2


Por: Pr. Silas Roberto Nogueira


-------------------------------------------------------------------------
Essa primeira parte da exposição da carta aos Filipenses que intitulei "Estudos na Epístola aos Filipenses" é uma de muitas outras que pretendo postar. Elas são anotações dos sermões ministrados pelo Pr. Silas Roberto Nogueira, na casa de nosso amado irmão Jairo, que cedeu seu lar aos sábados para que ali juntos cultuássemos ao nosso Senhor e aprendermos mais de sua Palavra. Espero que da mesma forma que fomos abençoados por meio dessas mensagens vindas da parte de Deus para nossos corações, possa abençoar você querido leitor.
------------------------------------------------------------------

Caracteristicas, Autoria e Destinátario


(1) Caracteristicas Dr. Lloyd-Jones, um dos grandes expositores da Bíblia, quando fez uma série de sermões nesta Epístola declarou que ele era a mais lírica e feliz das cartas de Paulo. Sem dúvida isso é verdade e quero destacar as seguintes razões para isso:
• É uma carta onde Paulo deixa seu coração transbordar em alegria pela “comunhão” desta igreja em seu ministério. (1:5-8,19; 4:1,10,14,15). Eles oravam por Paulo, se interessavam pelo seu ministério de tal modo que enviavam sempre que podiam ofertas que o supriam.
• É uma carta que demonstra o sucesso do propósito divino. Em Atos 16 está claro que o iniciador da obra em Filipos foi Deus. Primeiro Ele deu uma visão a Paulo para pregar a palavra naquela região (6-10), abriu o coração dos que o ouviam (14,15), deu poder a Paulo para libertar uma jovem possessa (16-18) razão pela qual foi preso e a sofreu injustiças, de onde os tirou mediante um terremoto que culminou na salvação do carcereiro (19—34). Tudo isso colaborou para estabelecer uma igreja ali, logo, os propósitos de Deus não podem ser frustrados.
• É uma carta em que Paulo fala da alegria e do triunfo do crente sobre todas as circunstâncias. É uma alegria que não tem origem no homem, mas em Deus (“alegrai-vos no Senhor”, 3:1;4:4,10). Uma alegria “apesar de” – Paulo estava alegre apesar de estar só na prisão (2:20,21), da pregação do evangelho estar sendo ameaçada pela atuação de pregadores invejosos (1:15;2:21), apesar da lutas e tribulações (4:14). O crente pode experimentar alegria apesar da contradição, isso é o que significa “posso todas as coisas naquele que me fortalece”.

(2) AUTORIA: Não há razão para duvidar da autenticidade desta Epístola, seu autor é de fato Paulo. Além disso, há abundante uso dos pronomes possessivos e na primeira pessoa. Depois ele inclui dados biográficos, ele fala de si mesmo. Quando escreveu estava preso. Onde ele estava é uma questão debatida, mas não influi no entendimento do texto. Há duas hipóteses, Roma e Éfeso. Se estivesse em Roma, a melhor data é cerca de 60 e 61. Se em Éfeso, as datas têm de ser entre 50 e 51.

(3) DESTINATÁRIOS: Os destinatários são os crentes de Filipos. Filipos era uma importante cidade do Império Romano e onde predominavam os gentios. E foi um dos primeiro lugares da Europa a receber o evangelho e isso marcou o continente europeu até os dias de hoje. Note que Paulo diz “aos santos” – isso é que os crentes são. O porquê é explicado na expressão “em Cristo”. Santidade é algo que nos vem por meio da nossa união com Cristo, doutra forma não pode acontecer isso conosco. O lugar onde eles são santos é em Filipos. Não há necessidade de isolamento para ser santo, mas há necessidade de separação. A santidade não nos afasta dos outros, mas do pecado.

Tendo dito isso, vamos ao seu conteúdo inicial. Numa simples saudação há muito para ser dito que muitos passam por alto. Nada na Bíblia é irrelevante, olhemos para esta saudação novamente. Quero chamar-lhes atenção para a palavra “servos”. Vejamos o que ela nos diz.


1. ENTENDENDO A ESCRAVIDÃO NA BIBLIA
(A) O QUE SIGNIFICA “SERVO? Nos dias do Novo Testamento essa palavra significava “escravo”(gr. doulos). Alguém que não pode dispor de si mesmo como queira por estar sujeito a outro. O escravo é a mais baixa categoria social. Não tinham direitos trabalhistas e, na maioria das vezes, não eram tratados de forma humana, mas como “coisa”.

(B) COMO ALGUÉM SE TORNA ESCRAVO? Alguém se tornava escravo
(a) se nascesse numa família de escravos, Gn.14:14;
(b) se fosse levado cativo de uma batalha, Dt. 20:14; 2 Rs. 5:2;
(c) se fosse incapaz de saldar as suas dívidas, 2 Rs. 4:1;
(d) por vontade própria e, finalmente,
(e) se fosse comprado, Gn. 37:36.

(C) QUAIS AS CARACTERISTICAS DA ESCRAVIDÃO? Podemos destacar
(a) os escravos eram encarregados de algumas responsabilidades, Mt.24:45;
(b) era exigida obediência exclusiva, Mt. 6:24; 8:9;
(c) não recebiam pagamento ou recompensa pelo trabalho, Lc.17:7-10;
(d) o senhor tinha poder absoluto sobre seu escravo, visto que ele era sua propriedade.

2. ENTENDER O CRISTÃO COMO ESCRAVO
(A) COMO PAULO SE TORNOU UM ESCRAVO? Segundo ele mesmo diz em 2 Co. 6: 20; 7:23 era escravo por ter sido “comprado” – ele usa o termo gr. agorazo, próprio para a compra de escravos no mercado. Com isso concordam Pedro (1:17-19) e João (Ap.5:9).
(B) DE QUEM PAULO FOI ADQUIRIDO? O Senhor Jesus deixou bem claro que o pecado escraviza, João 8:32-34. E todo aquele que é escravo do pecado é igualmente escravizado pelo diabo, Ef. 2:1,2. Cristo nos redimiu do poder do pecado e do poder do diabo, para não mais servimos a eles.
(C) O QUE PAULO QUIS DIZER QUANDO SE DESCREVE COMO ESCRAVO? Levando em consideração o que foi dito sobre a condição do escravo, podemos dizer que o que Paulo está dizendo aqui é que:
(a) Ele pertence exclusivamente a Cristo: assim como os escravos pertenciam aos seus senhores;
(b) Ele deve obediência exclusiva a Cristo: assim como os escravos deviam submissão aos seus senhores
(c) Ele desempenha uma função para Seu Senhor: assim como os escravos desempenhavam funções. Ele mesmo diz que a evangelização é uma “obrigação”, algo que é imposto sobre ele, 1 Co. 9:16. Ele irá desempenhá-la com zelo e com entusiasmo, não buscando recompensa, mas por amor.

3. ENTENDER COMO ESSA POSIÇÃO PODE SER UMA BENÇÃO
Para isso basta comparar o que se obtém dos respectivos senhores:
(a) os escravos de si mesmos [dos prazeres da carne] e do diabo não tem descanso, pois o seu senhor é um tirano insaciável;
(b) na escravidão a si mesmo e ao diabo não se obtém segurança [paz] para a alma;
(c) na escravidão a si mesmo e ao diabo não se obtém suprimento para as necessidades, pois tais senhores não se importam com ninguém além deles mesmos. Em Cristo, pelo contrário,
(a) temos um Senhor amoroso que dá descanso às nossas almas,
(b) nos dá paz e segurança e
(c) nos supre em todas as necessidades, 4:19 “meu Deus,segundo sua riqueza, há de suprir, em Cristo, cada uma das vossas necessidades”

Aplicação: O que eu quero perguntar é se você se vê a si mesmo como um escravo de Cristo? Você pertence a Ele exclusivamente? Você O serve lealmente? Você desempenha amoravelmente a tarefa que Ele te incumbiu?

domingo, 16 de maio de 2010

ORAÇÃO E PREDESTINAÇÃO


Por -Pr. John Piper-
Nesse devocional, Piper cria um dialogo entre aquele que ora e aquele que não ora. E esclarece para aqueles que tendem a interrogar os que crêem na doutrina da predestinação: que a providência de Deus não anula a nossa necessidade e dever de oração.
Oração e Predestinação

Aquele que não ora: Entendo que você crê na providência de Deus. Estou certo?

Aquele que ora: Sim.

Aquele que não ora: Isso significa que você crê, como declara o Catecismo de Heidelberg, que nada acontece por acaso, mas tão-somente pelo desígnio e plano de Deus?

Aquele que ora: Sim, creio que a Bíblia ensina isso. orou: “Nenhum dos teus planos pode ser frustrado” ( 42.2). Existem vários textos como este.

Aquele que não ora: Então, por que você ora?

Aquele que ora: Não vejo problema. Por que não devemos orar?

Aquele que não ora: Bem, se Deus ordena e controla tudo, o que Ele planejou no passado acontecerá, certo?

Aquele que ora: Sim.

Aquele que não ora: Logo, isso acontecerá, quer você ore, quer não. Correto?

Aquele que ora: Depende de haver Deus determinado que isso aconteça em resposta à oração. Se Deus predestinou que algo aconteça em resposta à oração, isso não acontecerá sem oração.

Aquele que não ora: Espere um minuto, isto é confuso. Você está dizendo que toda resposta à oração é predeterminada?

Aquele que ora: Sim, é. É predeterminada como resposta à oração.

Aquele que não ora: Isso significa que, se a oração não for apresentada a Deus, a resposta deixará de acontecer?

Aquele que ora: Isso é correto.

Aquele que não ora: Assim, o acontecimento é contingente à nossa oração para que se realize?

Aquele que ora: Sim. Entendo que, por contingente, você está dizendo que oração é o verdadeiro motivo por que a resposta acontece e que sem oração a resposta não aconteceria.

Aquele que não ora: Sim, é isso que estou dizendo. Mas, como pode uma resposta ser contingente à minha oração e ainda estar eternamente determinada e predestinada por Deus?

Aquele que ora: Porque a sua oração é tão predestinada como a resposta.

Aquele que não ora: Explique.

Aquele que ora: Não é complicado. Deus ordenou providencialmente todos os acontecimentos. Ele nunca ordena um acontecimento sem uma causa. A causa é também um acontecimento. Por isso, a causa é ordenada de antemão. Conseqüentemente, você não pode dizer que o acontecimento se realizará, se a causa não acontecer, porque Deus ordenou as coisas de modo contrário. O acontecimento se realiza, se a causa acontece.

Aquele que não ora: Você está dizendo que resposta a oração são sempre ordenadas como efeito da oração, que é uma das causas, e que Deus predestinou a resposta somente como um efeito da causa.

Aquele que ora: Isso está correto. Visto que tanto a causa como o efeito são ambos ordenados ao mesmo tempo, você não pode dizer que o efeito acontecerá, ainda que não haja a causa, porque Deus não ordena efeitos sem causa.

Aquele que não ora: Pode me dar alguns exemplos?

Aquele que ora: Com certeza. Se Deus predestinou que eu morra com um tiro de revólver, eu não morrerei se nenhuma bala for disparada. Se Deus predestinou que eu seja curado por meio de uma cirurgia, e eu não me submeto a tal tratamento, não serei curado. Se Deus predestinou que o fogo consuma a minha casa, por meio de um incêndio, se não há fogo, não há incêndio. Você diria: “Se Deus predestinou que o sol seja brilhante, ele será brilhante, quer haja fogo no sol, quer não”?

Aquele que não ora: Não.

Aquele que ora: Concordo. Por que não?

Aquele que não ora: Por que o brilho do sol resulta do fogo.

Aquele que ora: Isso é que eu penso sobre as respostas à oração. Elas são o brilho, e a oração, é o fogo. Deus estabeleceu o universo de modo que, em grande medida, ele seja regido pela oração, da mesma maneira como estabeleceu o brilho de modo que, em grande medida, ele aconteça por meio do fogo. Isso não é lógico?

Aquele que não ora: Creio que sim.

Aquele que ora: Então, deixemos da argumentar sobre problemas e prossigamos com o que as Escrituras dizem: “Pedi e não recebeis” (Jo. 16.24); e: “Nada tendes porque não pedis” (Tg. 4.2)