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terça-feira, 29 de novembro de 2011

AS MISERICÓRDIAS DE HOJE PARA OS PROBLEMAS DE HOJE - JOHN PIPER

Meditação sobre Mateus 6.34



"Não fiquem ansiosos a respeito do amanhã, porque o amanhã trará suas próprias ansiedades. Para hoje, é suficiente o seu próprio problema". (Tradução do autor)



Uma parte da fé salvadora é a segurança de que amanhã teremos fé. Confiar em Cristo hoje inclui o crer que Ele lhe dará a confiança de amanhã, quando o amanhã chegar. Com freqüência, sentimos que nossa reserva de forças não será suficiente para mais um dia. E, de fato, não será. Os recursos de hoje são para hoje; e uma parte desses recursos é a confiança de que novos recursos nos serão dados amanhã.


O alicerce desta segurança é o maravilhoso ensino bíblico de que Deus determina para cada dia apenas a quantidade de problemas que este dia é capaz de suportar. Em nenhum dia, Deus permitirá que seus filhos sejam provados além do que a sua misericórdia para aquele dia suportará. Isso foi o que Paulo quis dizer em 1 Coríntios 10.13: “Nenhuma prova lhes tem sobrevindo, que não seja comum ao homem. Deus é fiel, e não permitirá que sejam provados além do que são capazes de agüentar, mas, com a prova, Ele também dará o meio de escape, para que possam suportá-la” (tradução do autor).


O antigo hino sueco “Dia a Dia” é baseado em Deuteronômio 33.25: “A tua força será como os teus dias” (ARC). O hino nos dá a mesma segurança:



Dia a dia e a cada momento que passa,
Acho forças para enfrentar minha provação;
Confiando na sábia outorga de meu Pai,
Não tenho motivo para temor ou inquietação.



A “sábia outorga de meu Pai” é equivalente à quantidade de problemas que podemos suportar a cada dia — e nenhum problema a mais:



Ele, cujo coração é imensuravelmente bom,
Com amor, dá a sua parte de prazer e dor,
E, a cada dia, o que julga o melhor dom
Mesclando com paz e descanso o intenso labor



Juntamente com a medida de dor para cada dia, Ele nos dá novas misericórdias. Este é o argumento de Lamentações 3.22-23: “As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim; renovam-se cada manhã. Grande é a tua fidelidade”.


As misericórdias de Deus são novas cada manhã, porque existem misericórdias suficientes para cada dia. É por isso que tendemos a entrar em desespero, quando pensamos que talvez possamos ou tenhamos de levar os fardos de amanhã com os recursos de hoje. Deus deseja que estejamos cientes de que não podemos. As misericórdias de hoje são para os problemas de hoje; as de amanhã, para os problemas de amanhã.


Às vezes, nos perguntamos se teremos misericórdia para permanecermos firmes em provas terríveis. Sim, teremos. Pedro disse: “Se, pelo nome de Cristo, sois injuriados, bem-aventurados sois, porque sobre vós repousa o Espírito da glória e de Deus” (1 Pe 4.14). Quando a injúria nos sobrevém, o Espírito da glória se manifesta. Aconteceu com Estêvão, quando ele estava sendo apedrejado (At 7.55-60). Acontecerá com você. Quando o Espírito e a glória são necessários, eles surgem.


O maná no deserto foi dado uma vez por dia. Não havia armazenagem de maná. Essa é a maneira como temos de depender da misericórdia de Deus. Você não recebe hoje a força para levar os fardos de amanhã. Recebe misericórdias hoje para os problemas de hoje. Amanhã, as misericórdias serão renovadas. “Fiel é Deus, pelo qual fostes chamados à comunhão de seu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor” (1 Co 1.9). “Fiel é o que vos chama, e Ele também agirá!” (1 Ts 5.24 — tradução do autor.)

Extraido do livro - UMA VIDA VOLTADA PARA DEUS, Ed. Fiel.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

CULTO AGRADÁVEL AOS INCRÉDULOS

Por: Geoffrey Thomas



Um amigo me contou o que aconteceu à sua esposa, quando se vestia em determinada manhã. Ele observou que ela abotoou o casaco colocando o primeiro dos botões na segunda casa e assim sucessiva- mente, por treze vezes. Por fim, descobrindo que um dos botões havia sobrado, ela percebeu o que estivera fazendo. “Quantos erros ela tinha cometido?”, ele se perguntou. “Um ou treze? Treze, porque ela tinha co-metido um erro fundamental no começo.”

Este mesmo princípio é verdadeiro no que se refere à adoração: os crentes cometem o erro fundamental de crer que o propósito de reunirem-se aos domingos é a evangelização. Em seguida, os crentes avaliam tudo que compõe nosso culto à luz dos incrédulos que podem estar por acaso em nosso templo ou por terem sido convidados. Nada deve intimidá-los, ameaçá-los ou iludi-los. E, visto que eles não conhecem o sentido das palavras ou as melodias de nossos hinos, é recomendável a adoração na forma de cânticos de grupos musicais. O conceito de leitura pública de um livro que desconhecem é totalmente estranho para eles. Portanto, se houver leitura, tem de ser bem curta. Igrejas mudam a Ceia do Senhor para uma reunião particular no domingo pela manhã ou na quarta-feira à noite. As orações devem ser curtas e simplistas, bem como o sermão, que deve abordar assuntos que interessam aos incrédulos, tais como: solidão, maridos ausentes, falta de esperança, falta de contentamento, mágoas, dificuldade de criar adolescentes, e como lidar com tais problemas. A partir desta reunião de domingo, os incrédulos devem sentir-se encorajados a participar de pequenos grupos de estudo e de um curso sobre as doutrinas em que nós cremos. E somos fortemente encorajados a acabar com a forma de adoração a Deus que temos praticado por muitos anos.

No entanto, todas estas idéias mudarão, se cremos que nossa adoração está centralizada em Deus, que se revelou através da Bíblia. Nossa preocupação será agradar este grande Deus. Como devemos nos aproximar dEle? Somente por intermédio do nome do Senhor Jesus Cristo (temos de deixar isso bem claro); somente por meio de seu sangue e sua justiça; depois, com confiança exultante, mas também com reverência e piedoso temor. Quando o Filho de Deus orou, Ele mesmo se ajoelhou na presença do Deus que é fogo consumidor. Se alguém tinha direito de ser informal e casual com seu Pai, este alguém era Jesus de Nazaré. O Senhor Jesus nunca magoou seu Pai, mas se prostrava quando falava com Ele. Tudo o que fazemos e dizemos tem de ser agradável a Deus, ou seja, o Senhor Deus está ciente até do que se passa no íntimo daqueles que ofertam pequenas moedas; Ele se deleita com a alegria que demonstramos na administração de nossos talentos e em tudo o que fazemos. Nosso louvor e orações precisam estar de acordo com as Escrituras, e, acima de tudo, a Palavra pregada tem de servir ao propósito de agradar a Deus, porque o sermão é o aspecto mais importante da adoração, visto que através dele o Criador do universo fala a seres insignificantes. A mensagem, tanto em seu conteúdo quanto em seu significado, deve proporcionar aos in- crédulos que foram atraídos ao culto o conceito exato a respeito de quão glorioso Ser é o Deus vivo — Pai, Filho e Espírito Santo — terrível em seu poder, incomparável em sua glória e extraordinariamente gracioso.

Não existe qualquer indício de que a Igreja tem uma chamada para afagar as emoções dos incrédulos. Os líderes da adoração não podem dizer: “Bem, sabemos que vocês não estão interessados na vida e na morte do Senhor Jesus Cristo. Por isso, temos algo mais para vocês”. Na verdade, não temos algo mais, além de Cristo. Temos de ser ab-
solutamente claros e unânimes sobre isso, na congregação e no púlpito. Se eles não querem nosso Salvador, não podemos substituir a mensagem com maneiras de temperarem seu casamento, assim como não podemos utilizar um culto musical, coreografia ou regras de procedimento, para tornar mais agradável o seu trabalho no escritório, ou oferecer um curso sobre a vida de solteiros. Tudo o que temos a oferecer-lhes é um Profeta que os ensinará, um Cordeiro que removerá a culpa deles e um Pastor que os guiará e os protegerá.

Nossa própria vida tem de ser tão semelhante à de Cristo quanto possível, especialmente quando nos reunimos. Nós nos reunimos para encorajar uns aos outros a viver como imitadores de Deus. Precisamos ser irrepreensíveis em nosso vestir, nossa linguagem, nosso uso do tempo, nossos relacionamentos ou mesmo em nosso humor, a fim de sermos conhecidos como aqueles que desejam agradar o Jeová Jesus em todas as coisas; e nosso evangelismo está fazendo com que o mundo perceba isto e saiba por que cremos nisto. Os incrédulos descobrem que estão na companhia daqueles que têm como objetivo principal o glorificar a Cristo.

Odiamos qualquer coisa que não deixe isto bastante claro para eles; como, por exemplo, uma forma de adoração vazia que não tem qualquer significado. Queremos que nossas palavras sejam cheias de sentimentos e de afeições de temor a Deus. Linguagem popular e simplista é menos importante do que uma linguagem com elementos mais profundos e eficazes. Sempre ficamos comovidos quando as pessoas nos falam, de modo tão amável e trans- parente, a respeito do Salvador e de seu amor por elas, o que demonstra que abandonaram sua maneira frívola e irreverente de falar. Apreciamos muito isso; e trememos no que diz respeito a quaisquer tentativas que insistem em que nossa maneira de expressão no culto deve ser a linguagem comum de nosso dia-a-dia. Essa linguagem pode ser correta para a comunicação corriqueira com os outros, mas não para expressar as maravilhas de tão grande salvação. Se o estilo e a maneira de nos expressarmos, quando nos reunimos na presença de Deus, são aqueles mesmos que os in- crédulos ouvem entre eles, no escritório ou em seu ambiente educacional, então, falhamos em alcançá-los. Nós, aqueles a quem o Senhor buscou e salvou, somos sensíveis às verdadeiras necessidades dos incrédulos. Portanto, se empregarmos qualquer coisa vulgar e superficial, estaremos cometendo o pecado de sugerir-lhes uma deidade indigna da atenção deles. Conseqüentemente, nossa adoração tem de ser simples, espiritual, calorosa, reverente, substancial, caracterizada por orações espontâneas, com hinos de mensagem profunda; uma adoração que terá como clímax a pregação expositiva; uma adoração apoiada em formas que rapidamente obtêm familiaridade com o que é divino; então, estes se tornam os melhores meios de conduzir as pessoas a Deus, a quem servimos, e de impedir que a atenção delas se prenda na observação de um pregador engenhoso que lhes esteja falando.

sábado, 21 de maio de 2011

COMO DERROTAR O CALVINISMO









VERSÃO TUPINIQUIM DO ORIGINAL: How to defeat Calvinism, publicado no Youtube: v=OebZJzB7W_c


Editado e adaptado por Raniere Menezes Frases Protestantes Blogspot 01/01/2010

domingo, 8 de maio de 2011

SEM CONVERSÃO SUA EXISTÊNCIA É VÃ - Por: Joseph Alleine

Não seria uma pena se você não servisse para nada, se fosse um peso inútil sobre a terra, uma simples verruga no corpo do universo? Entretanto, é isso que você é enquanto não for convertido, pois não pode responder pela finalidade de sua existência. Não seria para o prazer divino que você existe e foi criado? Deus não o fez para Si mesmo? Você é um ser humano e pode raciocinar? Então, pense como veio a existir e por que existe. Contemple a obra de Deus em seu corpo, e pergunte a si mesmo qual o propósito de Deus ao criar essa obra. Considere as nobres faculdades de sua alma nascida para o céu. Com que propósito Deus lhe outorgou essas qualidades superiores? Teria sido só para que você se deleitasse e satisfizesse seus sentimentos? Será que Deus pôs os homens neste mundo, apenas como andorinhas, para ajuntar gravetos e lama, construir seus ninhos, criar seus filhotes e depois partirem? O próprio pagão poderia ver mais além. Será que é tão “terrível e maravilhosamente criado” e nem assim considera consigo mesmo: “Certamente, fui criado para algum nobre e elevado propósito”?

Ó homem, raciocine um pouquinho! Não seria uma pena que tal obra divina tenha sido criada em vão? Verdadeiramente, sua existência é vã, se não viver para Ele. Quer corresponder ao propósito para o qual foi criado? Você precisa se arrepender e ser convertido; sem isso, não vai servir a propósito algum; na realidade servirá a um mau propósito.


Você é um inútil. O incrédulo é como um instrumento excelente que tem todas as cordas quebradas ou desafinadas. O Espírito do Deus vivo precisa consertá-lo pela graça da regeneração e tocá-lo docemente pelo poder da graça atuante, caso contrário suas orações serão apenas uivos e todo o serviço que presta a Deus não encontrará eco nos ouvidos do Altíssimo. Todos os seus poderes e faculdades estão tão corrompidos em seu estado natural, que se não for purificado de suas obras mortas, não poderá servir ao Deus vivo. Um homem que não esteja santificado não pode realizar a obra de Deus.


(1) Ele não tem habilidade para fazê-la. É tão completamente incapaz na obra quanto na palavra da justiça. Há grandes mistérios tanto na prática como nos princípios da santidade. Ora, o homem não regenerado desconhece os mistérios do reino do céu. Do mesmo modo que não se pode esperar boa leitura da parte daquele que nunca aprendeu as primeiras letras, ou a boa música da guitarra daquele que jamais pegou num instrumento, também não se pode esperar que o homem natural ofereça serviço algum agradável ao Senhor. Antes ele precisa ser ensinado por Deus (João 6:45), ensinado a orar (Lucas 11:1) ensinado a ser útil (Isaías 48:17), ensinado a ir (Oséias 11:3), senão ele estará completamente incapacitado.

(2) Ele não tem forças para realizá-la. Quão frágil é o seu coração! (Ezequiel 16:30) Logo fica cansado. Que canseira é o dia do Senhor! (Malaquias 1:13) Ele está sem forças (Romanos 5:6), sim, está morto em pecados (Efesios 2:5).

(3) Ele não tem vontade de fazer a obra de Deus. Não deseja ter o conhecimento dos caminhos de Deus (Jó 21:14). Não os conhece nem jamais os entenderá.

(4) Ele não tem instrumentos nem materiais adequados para obra. Da mesma forma que não se pode talhar o mármore sem ferramentas, nem pintar sem pincéis e tintas, nem construir sem materiais, não é possível realizar qualquer serviço agradável a Deus sem as graças do Espírito, que são tanto os materiais como os instrumentos de trabalho.


A alma não convertida é uma verdadeira gaiola de aves imundas (Apocalipse 18:2), um sepulcro cheio de corrupção e imundícia (Mateus 23:27), uma repugnante carcaça cheia de vermes rastejantes, que exalam um mau cheiro muito nojento às narinas de Deus (Salmo 14:3). Oh, que situação terrível! Você ainda não percebeu que é necessário que haja uma mudança? Não nos teria entristecido ver os consagrados vasos de ouro do templo de Deus transformados em copos de bebidas alcoólicas e poluídos com o culto aos ídolos? (Daniel 5:2-3). Oh que abuso insuportável ver uma alma nascida para o céu humilhada a tal baixeza; ver a glória da criação de Deus, a principal obra de Deus o Senhor desta Terra, comendo bolas como o pródigo! Não é terrível ver o único ser nesta terra que é dotado de imortalidade e que tem o sinete de Deus, tornar-se um vaso no qual não há prazer, destinado ao mais sórdido uso? Oh, que indignidade intolerável! Seria melhor que você fosse quebrado em mil pedaços do que continuar a ser rebaixado a um serviço tão vil.








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Extraído do livro Um Guia Seguro para o Céu, Ed. PES

quarta-feira, 4 de maio de 2011

COMUNIDADE BATISTA DA GRAÇA

UM GIGANTE PURITANO - "JOSEPH ALLEINE"

Joseph Alleine nasceu e foi batizado em Devizes, Wiltshire, a 8 de abril de 1634, em uma família puritana. Naquela época a Inglaterra enfrentava os sofrimentos causados pelos agitados acontecimentos que logo resultaram na Guerra Civil, e antes que Alleine completasse dez anos, a Praça do Mercado, onde ficava sua casa, ressoou com o estrondo dos canhões e o ribombar dos mosquetes, quando os monarquistas puseram os puritanos em retirada na batalha de Roundway (julho de 1643). Dois anos mais tarde os papéis se inverteram e o próprio Cromwell providenciou para que a bandeira azul do Parlamento fosse hasteada no alto do velho castelo, o qual se erguia em frente à casa onde Alleine passou sua infância. O círculo familiar também não ficou isento de problemas. Seu pai, embora bem conceituado como comerciante de tecidos, sofreu alguns dos infortúnios econômicos decorrentes da guerra; e para maior tristeza deles, Edward, o irmão mais velho de Joseph, já ativo no ministério, morreu em 1645.

No mesmo ano Alleine "apresentava-se para a carreira cristã", implorando a seu pai que lhe permitisse se preparar para "suceder seu irmão no ministério". Assim, em abril de 1649, nós o encontramos a caminho de Oxford para sentar-se aos pés de teólogos como John Owen e Thomas Goodwin. Em novembro de 1651 transferiu-se do Lincoln para o Corpus Christi College — este último um Seminário mais radicalmente puritano, sob a presidência do piedoso Dr. Edward Staunton. Ali recebeu o grau de Bacharel em Artes a 6 de julho de 1653, tornando-se professor assistente e, subseqüentemente, capelão do Seminário. Sem dúvida alguma, foi devido à influência de Alleine que Henry Jessey pôde escrever em 1660, "Penso que não havia no mundo outro colégio como Corpus Christi, onde um grande número de pessoas demonstrava o poder da piedade e a pureza da adoração a Deus. Era tal qual um Éden, mas agora não passa de um deserto estéril”.

Os anos que Alleine passou em Oxford foram caracterizados pela piedade e diligência nos estudos. Seu bom temperamento granjeou-lhe muitos amigos, mas se as visitas deles interrompiam seu tempo de estudo, "ele não se dava ao luxo de recebê-las", dizendo: "É preferível que se admirem da minha rudeza a que eu perca o meu tempo; pois somente alguns sentirão minha indelicadeza, mas muitos sentirão minha' perda de tempo". Na qualidade de capelão, empenhou-sé em evangelizar as aldeias rurais ao redor de Oxford e, de quinze em quinze dias, também pregava para os encarcerados. Assim foi o seu treinamento para o futuro ministério. Antes dos 21 anos ele já havia aprendido a ser "infinita e insaciavelmente ávido pela conversão das almas perdidas, e por essa causa derramava sua alma em oração e pregação. Não admira, pois, que um notável teólogo puritano, George Newton (1602-1681), ministro de Sáint Mary Magdalen, Taunton, tenha convidado Alleine para ser seu assistente, em 1655. Taunton, uma cidade produtora de artefatos de lã, com uma população de aproximadamente 20 mil pessoas, era um baluarte puritano no ocidente da Inglaterra. O espírito da cidade havia se manifestado claramente 10 anos antes, quando, com heróica firmeza, havia resistido desesperados cercos monarquistas — embora metade das ruas houvesse sido queimada por uma carga de morteiros e muitos habitantes haviam morrido de fome! Foi ali, em meio às montanhas, campinas e pomares de Somerset, que Alleine havia de passar o seu curto e inesquecível ministério.

Logo depois de começar seu trabalho em Taunton, Alleine casou-se a 4 de outubro de 1655 com sua prima Theodosia Alleine, mulher de singular espiritualidade, que deixou um comovente relato sobre o ministério de seu marido. A única "falha" que achava nele era a de não passar mais tempo com ela, ao que ele respondia: "Oh, minha querida, sei que tua alma está salva; mas quantas há que estão perecendo e das quais eu tenho que cuidar? Oh, se eu pudesse fazer mais por elas!" A vida inteira de Alleine foi uma ilustração de suas palavras: "Mostre-me um crente que considere seu tempo mais precioso do que ouro". Quando a semana começava, ele dizia: "Temos uma nova semana à nossa frente, vamos usá-la para Deus!" E a cada manhã: "Vamos viver bem este dia!" "Enquanto teve saúde", escreve sua esposa, "ele se levantava constantemente às quatro horas da manhã ou antes, e aos domingos, mais cedo ainda, se acordasse; ficava muito magoado se ouvisse algum ferreiro, ou sapateiro, ou negociante fazendo seus trabalhos antes que ele tivesse cumprido seus deveres para com Deus. Então dizia-me: "Oh, como esse barulho me envergonha! Meu Senhor não merece mais do que o deles?". Das quatro às oitos da manhã passava em oração, em santa contemplação, e cantando salmos — o que muito lhe agradava — fazendo suas devoções diárias sozi¬nho, como também com a família”.

Este devotado casal trabalhava esforçadamente pelas almas perdidas. Theodosia mantinha uma escola para crianças em sua casa, enquanto seu marido passava cinco tardes por semana reiterando os urgentes apelos aos não-convertidos que ele lançava domingo após domingo, sob a majestosa torre de Mary Magdalen. Ele mantinha uma lista com os nomes dos habitantes de cada rua e cuidava para que cada um fosse visitado e catequizado. O resultado desse trabalho foi uma numerosa colheita de almas. "Suas súplicas e exortações", diz George Newton, "eram, muitas vezes, tão afáveis, tão cheias de zelo santo, vida e vigor, que conquistavam completamente seus ouvintes; ele os comovia e, às vezes, amolecia os mais duros corações". É claro, que mesmo numa época em que a pregação poderosa e a evangelização bem sucedida eram relativamente comuns, o ministério de Alleine era notável aos olhos de seus irmãos. "Poucas épocas produziram pregadores mais eminentes que o Joseph Alleine" — declarou o puritano apostólico, Oliver Heywood. E Baxter, referindo-se a Alleine, fala de sua "grande habilidade ministerial na exposição pública e na aplicação das Escrituras — tão comovente, tão convincente, tão poderosa”.

Um período de bênção chegava ao seu fim quando Alleine iniciou o seu ministério. Três anos mais tarde Crommwell morria. Dois anos depois os sinos de Taunton tocaram alegremente para dar as boas-vindas a Charles II e à restauração da monarquia (1660). Mas a felicidade nos corações dos puritanos durou pouco, pois o tempo em que "a nação gozou de um estado de religiosidade" acabou em 1662, quando, com o infame Ato da Uniformidade, dois mil dos melhores ministros que a Inglaterra já teve, foram destituídos de seus púlpitos. Entre os oitenta e cinco ministros que sofreram dessa maneira em Somerset, encontramos, come era de esperar, os nomes de George Newton e Joseph Alleine. Mas, embora afastado do púlpito, Alleine recusou-se a ficar calado; de fato, conta-nos sua esposa que "deixando de lado outros estudos por achar que seu tempo era curto" ele intensificou sua atividade de pregação. "Eu sei que ele chegou a pregar catorze vezes numa semana, em muitas ocasiões dez vezes, e regularmente seis ou sete vezes em uma semana, durante aquele período”.

Finalmente, após sobreviver a muitas ameaças, Alleine recebeu uma intimação em 26 de maio de 1663. Na noite seguinte ele marcou um encontro com seus fiéis "por volta de uma ou duas horas da manhã, ao qual compareceram, de boa vontade, centenas de jovens e adultos; então pregou e orou com eles durante três horas, aproximadamente". Poucas horas depois ele foi jogado na prisão em Ilchester. Após um ano foi libertado, mas apenas para enfrentar os rigores do Ato das Cinco Milhas e o Conventicle Act*.

Embora já com a saúde precária, continuou a pregar ocultamente até 10 de julho de 1666. Naquela tarde, quando pregava sobre o Salmo 147:20 numa reunião em uma casa particular, foram arrombadas as portas e ele foi preso novamente. Uma vez mais foi libertado e com a mesma energia espiritual considerou o que ainda poderia fazer para promover o evangelho de Cristo. "Temos mais um dia", diria à sua esposa ao se levantar pela manhã, "mais um dia para Deus; vamos vivê-lo bem, trabalhar bastante por nossas almas, armazenar muito tesouro no céu, pois só nos restam alguns dias para viver". Sua esposa nos conta que, com verdadeiro espírito puritano, considerou a possibilidade do trabalho missionário no País de Gales ou mesmo na China. Jamais o evangelho de Jesus Cristo ardeu mais fervorosamente em qualquer outro coração inglês! Mas o trabalho de Alleine estava terminado, pois sua constituição física jamais se recuperou dos maus tratos sofridos nas prisões e seu corpo definhava-se rapidamente. No dia 17 de novembro de 1668, aos 34 anos, Deus o levou, poupando-o dos males futuros, e o idoso George Newton permaneceu junto ao seu corpo, quando foi enterrado na Capela de onde ressoava o "alerta" de seus chamados aos não-convertidos.

Muitos dos grandes evangelistas tiveram suas convicções moldadas pelas Obras de Joseph Alleine. George Whitefield, enquanto estudante em Oxford, nos conta em seu diário que o "Alerta" de Alleine o beneficiou sobremaneira. Charles Haddon Spurgeon registra que, quando ele era criança, sua mãe sempre lia uma parte do "Alerta" de Alleine para seus filhos quando se sentavam ao redor da lareira nos domingos à noite, e que, quando ele foi levado à convicção do pecado, foi àquele livro que recorreu. "Lembro-me", escreve ele, "de que quando eu acordava pela manhã, a primeira coisa que pegava era o "Alerta", de Alleine, ou o "Chamado aos Não-Convertidos", de Baxter. Oh, que livros aqueles, que livros! Eu não os lia apenas, eu os devorava..." Com o seu coração inflamado assim pela teologia puritana, Spurgeon se preparava para seguir os passos de Alleine e Whitefield.


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Nota: *"Converticle Act" - Ato das Reuniões Religiosas Clandestinas



Material extraido do livro Um Guia Seguro para o Céu de J. Alleine, Ed. PES

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Anotações da Exposição de Filipenses 2:5-11, Sermão nº 8

Por

Pr. Silas Roberto Nogueira


Texto: Filipenses 2:5-11

Tende em vós este sentimento que houve também em Cristo Jesus, o qual, subsistindo em forma de Deus, não julgou que o ser igual a Deus fosse coisa de que não devesse abrir mão, mas esvaziou-se, tomando a forma de servo, feito semelhante aos homens; e sendo reconhecido como homem, humilhou-se, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz. Por isso também Deus o exaltou soberanamente e lhe deu o nome que é sobre todo o nome, para que em o nome de Jesus se dobre todo o joelho dos que estão nos céus, na terra e debaixo da terra, toda a língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor para glória de Deus Pai.

INTRODUÇÃO

Faça como o mestre, uma brincadeira de criança, que os adultos jamais deveriam ter deixado de lado. O problema do cristianismo moderno é que Ele não se parece com Cristo. Cristo é uma vaga lembrança para o cristianismo moderno. Cristianismo dessemelhante à Cristo aberração. Cristão quer dizer alguém que segue a Cristo, alguém que se parece com Cristo em todos os sentidos. Essa é a exortação de Paulo aqui - sejam como Ele, v.5. A palavra “sentimento” (ARA/ARC/VIBB) também traduzida por “atitude” (NVI) refere-se a uma disposição mental que governa a vida, as ações/reações e emoções; é uma ordem (imperativo) para o desenvolvimento de um hábito (presente) e é uma responsabilidade pessoa (voz ativa) que envolve a todos os membros da comunidade (plural).

1) SEU ALTRUÍSMO, v.6

Cristo deixou a eternidade, onde recebia o eterno amor e honra do Pai e do Espírito Santo, louvor e adoração dos anjos para assumir a forma humana, na qual seria odiado, desonrado e hostilizado e violentamente morto pelos homens que Ele criou, os quais Ele amou e por eles decidiu dar a Sua vida. Ele não pensou em si, mas em nós, Isaías 53:1-11; Jo.3:16;

Ilustração: declarou Matthew Henry que “A primeira lição na escola de Cristo é a abnegação”.

· Devemos deixar de pensar em nós mesmos, e pensar no outro. (2:4).

· Olhe para o lado, interceda; estenda a sua mão.

· Enquanto pensamos nos outros, Ele cuida e nós.

2) SUA HUMILDADE, v.7

Deus manifesta-se em três pessoas, Pai, Filho e Espírito Santo. Possuem a mesma substância, são iguais em atributos, glória e honra. O esvaziamento de Cristo tem a ver com o fato de que ao assumir uma forma humana Ele decidiu não fazer uso independente de qualquer dos Seus atributos divinos e ainda sujeitar-Se ao Pai. Cristo não se esvaziou de Sua deidade (Cl 2.9), mas embora Deus, assumiu a forma de servo. Tal atitude é a essência do cristianismo verdadeiro.

Ilustração: o puritano Richard Sibbes declarou: “O auto-esvaziamento prepara o transbordamento espiritual”.

· Devemos nos humilhar perante Deus (Tg.4:10;1 Pe.5:6)

· Pensar de nós mesmo com moderação (Rom.12:3)

· Deus “resiste” aos soberbos, mas dá graça aos humildes (1 Pe.5:5,6; Is. 66:2)

3) SEU SACRIFICIO, v.8

Quando em forma de homem, ofereceu a Sua vida obediente ao propósito salvífico do Pai na morte de cruz. A cruz não foi um acidente, mas era o propósito do Pai desde o princípio. Todas as promessas da vinda do Messias indicam claramente a sua morte, Gn.3:15, Sl.22:1; Is.53. Marcos 10:45 diz que o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos. O cristão verdadeiro é aquele que dá a Sua vida, sabendo que não pode retê-la.

Frank Farley declarou que “grande parte de nosso cristianismo atual está encharcado de sentimentos, mas desprovido de sacrifícios”. C. T. Studd declara o que deve permear o nosso pensamento: “se Jesus Cristo é Deus e morreu por mim, então nenhum sacrifício por ele pode ser grande demais para mim”.

· Devemos nos sacrificar uns pelos outros, seguindo o exemplo de Cristo.

· Mortificando a nossa carne (cruz) na busca de servir ao outro.

· Cristo deu-nos o exemplo – devemos seguir as suas pegadas.

vv.9-11. Os caminhos de Deus não são os nossos. O caminho do homem para o sucesso inclui pensar em si só, na arrogância e soberba e jamais inclui sacrifício, mas o final é a destruição. O caminho de Deus inclui essas três coisas, mas depois delas a honra eterna. Essas três atitudes são a essência do cristianismo, se estão presentes em nós, estamos imitando o Mestre.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Anotações da Exposição de Filipenses 2:1-5, Sermão nº 7

Por:

Silas Roberto Nogueira

Texto: 2:1-5

"Se há, pois, alguma exortação em Cristo, alguma consolação de amor, alguma comunhão do Espírito, se há entranhados afetos e misericórdias, completai a minha alegria, de modo que penseis a mesma coisa, tenhais o mesmo amor, sejais unidos de alma, tendo o mesmo sentimento. Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo. Não tenha cada um em vista o que é propriamente seu, senão também cada qual o que é dos outros. Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus,"

INTRODUÇÃO

O final do cap. 1.27-30 nos diz para vivermos de um modo digno do evangelho, lutar pelo evangelho e sofrer pelo evangelho. Aqui neste trecho, Paulo encoraja os crentes à unidade. Unidade é tema comum no meio evangélico, mas, embora muito discutida é pouco praticada.

Há uma relação entre os trechos de 1:27-30 e 2:1-5 o “portanto/pois” indica isso. Paulo faz um movimento contrário - de fora para dentro. A razão pode ser que ele percebeu que a igreja desunida seria facilmente derrotada em um ataque frontal do inimigo, daí começa a tratar desse problema crucial. Paulo nos apresenta as bases da unidade cristã, como obtê-la e como mantê-la.

1. A UNIDADE CRISTÃ RESIDE NOS BENEFÍCIOS ‘EM’ CRISTO, v.1

Aqui Paulo apresenta “a base da unidade cristã”. Ele começa com “se... em Cristo”- não significa que tivesse dúvidas, mas que a sua exortação à unidade provém daquilo que os crentes dizem ter em Cristo:

(a) Exortação/motivação (NVI) que vem de Cristo (Jo.14:16; 1 Jo.2:1)

(b) Consolação que vem do amor (de Deus) (1 Ts.5:14) –uma palavra de apoio.

(c) Comunhão que vem do Espírito (2 Co.13:14)

(d) Afeições- uns pelos outros que vem pela nova vida. (Cl.3:12)

2. A UNIDADE CRISTÃ RESIDE EM FAZER AOS OUTROS O QUE CRISTO FEZ POR NÓS, v.2-4

“Visto que vocês experimentaram... em Cristo, façam isso uns pelos outros”.(v.1), aqui Paulo apresenta a parte aplicativa da sua doutrina de que aquilo que sabemos devemos praticar. Aqui ele mostra o “como obter a unidade”:

(a) pensar a mesma coisa (opinão, disposição) – habitual (pres), disciplina (ativa)

(b) o mesmo amor- (Rm.5:5)

(c) ser uma alma - harmonia (1 Sm.18:1)

(d) ser humilde e altruísta (3,4) - “ambição egoísta/vanglória = “vaidade pessoal” – “mas” (contraste) – lit. “humildade de mente” (Rm.12:3,10,16) e altruísmo.

3. A UNIDADE CRISTÃ RESIDE EM SEGUIR O EXEMPLO DE CRISTO, v.5

“seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus” (NVI) Aqui Paulo nos mostra “como manter a unidade”:

(a) Seu comportamento altruísta

(b)Sua atitude humilde

(c) Sua atitude sacrificial

Conclusão:

A unidade cristã só é obtida nas bases em que a Bíblia nos apresenta, só pode ser obtida por meio daquilo que a Bíblia prescreve e mantida se seguirmos o exemplo de Cristo. Dr. Lloyd-Jones declarou em uma palestra que (a) a unidade não é um fim em si mesma; (b) a unidade não deve ser posta em primeiro lugar; (c) a unidade não pode existir à parte da doutrina e (d) a unidade tem como ponto de partida a regeneração. Sem tais elementos, unidade é coisa que não existe.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Anotações da Exposição de Filipenses 1:27-30, Sermão nº 6

Por
Pr. Silas Roberto Nogueira
Texto: Filipenses 1:27-30
Introdução

Vimos no estudo anterior que o apóstolo Paulo é alguém que sabe pelo que viver, pelo que morrer e o que fazer. Ao terminar este capítulo Paulo deixa a seção introdutória e autobiográfica para seção prática, na qual fará uma exortação geral e apresentará seus desdobramentos. Como era seu costume, ele parte do geral para o específico. Mas, antes de iniciar a parte prática, Paulo nos diz três coisas sumamente importantes.

1. VIVA DE MODO DIGNO DO EVANGELHO, v. 27ª

Às vezes o melhor jogador de um determinado esporte se comporta mal. Seu mau comportamento faz com que o esporte fique mau visto. Quando os cristãos se comportam mal, que as pessoas pensam sobre a sua mensagem? Que tipo de comportamento afasta as pessoas de Jesus? Pense na beleza da “boa nova” sobre Jesus. Pense em quão cheio de amor, verdade e alegria ela é. A nossa vida deve ser consistente com a mensagem do Evangelho. Ela deve ser cheia de amor, verdade e alegria. O que agrada a Deus? Ter muitos dons, ou ser como Jesus? Falar muito sobre Jesus ou viver de acordo com a nossa mensagem, com o Evangelho?

2. LUTE PELO EVANGELHO, vv. 27b (“lutando juntos pela fé...”)

Imagine que você está numa corrida. Há um grande prêmio. Devemos nos esforçar ainda mais pelo Evangelho. (1 Co 9.24,25) Nós não estamos nessa corrida sozinhos. Nós lutamos como uma equipe, juntos (“lutando juntos”). Nós não devemos desistir. Não devemos dizer coisas desagradáveis sobre o outro, (4.2,3) Não podemos ferir o outro. Nunca poderemos vencer uma corrida como essa se fizermos isso (Mt 12.25ss). O evangelho de Jesus é mais importante que as nossas diferenças pessoais e por isso devemos ficar juntos. Então o povo em volta de nós pode saber a verdade sobre Jesus vendo que somos unidos.

3. SOFRA PELO EVANGELHO, v. 28-30

O diabo é contra o Evangelho. Então, as pessoas que servem a satanás são contra o Evangelho. Eles vão atacar os cristãos que defendem o Evangelho. (Jo 15.18-24) Paulo diz três coisas para encorajar-nos quando sofremos por Jesus:
1. É um sinal: v.28. As pessoas podem ser contra nós, porque nós seguimos Jesus. Mas isso mostra que somos verdadeiros cristãos. Isso também mostra que nós vamos vencer nossos inimigos e ele vai perder.
2. É um dom: v.29. É uma boa dádiva de Deus crer em Jesus. Também é uma boa dádiva sofrer por Ele. (Mt 5.10-12)
3. É normal, v.30. Paulo, da prisão encoraja os crentes. Não desistam! Vocês estão sofrendo como eu, portanto, estamos juntos nisso. Cristo nos deixou exemplo e nos avisou sobre isso – se o perseguiram, farão isso com a gente, Jo 15.20. Se isso ocorrer, devemos nos considerar “bem aventurados”, Mt 5.11; 1 Pe 3.14.
Conclusão:
• vv. 1, 2 - Somos escravos
• vv. 6-11 - Deus começou a obra; Ele sustenta e consumará a nossa fé.
• vv. 9-11 - O único pedido – amor crescente
• vv. 12-20 -Como reagir ao sofrimento, a oposição e ao futuro incerto
• vv. 21-26 -Saber pelo que viver, pelo que morre e o que fazer
vv. 27-30 -Viver de modo digno, unidos na luta e com intrepidez

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

A História Religiosa da Humanidade



Por

Dr. Marryn Lloyd Jones

Introdução


É com muita satisfação que trago a você esse resumo do primeiro sermão de uma série de cinco mensagens discorridas na segunda metade do capítulo 1 de Romanos, (originalmente pregadas na Inglaterra em março de 1941” reunidos no livro: A SITUAÇÃO CRITICA DO HOMEM E O PODER DE DEUS, do Dr. Martyn Lloyd-Jones.

Nestas mensagens o Dr. Lloyd-Jones desnuda as pretensões dos que rejeitam o cristianismo bíblico ou tentam modificá-lo. Escrito contra o pano de fundo da guerra, Lloyd-Jones repudia a lamentável ignorância dos que afirmam a realidade da bondade humana e que vêem a guerra como uma aberração do nosso estado natural. Nesse primeiro capítulo o Doutor discorda inteiramente da história da escola das religiões, e de toda e qualquer idéia de que o homem está ficando melhor. O autor examina Romanos e a história humana e afirma que sua clara mensagem é que estamos em difícil situação espiritual.


A História Religiosa da Humanidade


“Portanto, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes em seus discursos se desvaneceram, e o seu coração insensato se obscureceu.”

(Romanos 1.21)


Todos nós estamos familiarizados com os dizeres que nos lembram que às vezes temos que “ser cruéis para sermos bondosos”. Parece-me que esse é o princípio que a Igreja é chamada a pôr em prática no presente, se é que ela há de funcionar verdadeiramente como igreja de Deus na hora de crise e de calamidade. É sempre mais agradável amenizar e confortar do que causar dor e provocar reações desagradáveis. Mas certamente chegou à hora de tratar da situação atual do mundo e considerá-la de maneira radical.

Nada pode ser mais fatal do que a impressão que se tem em geral de que a única tarefa da Igreja é acalmar e confortar os homens e as mulheres que se tornaram infelizes por causa das presentes circunstâncias. O ministério de conforto e consolação é parte integrante da obra da Igreja, mas, se ela dedicar toda a sua energia unicamente a essa tarefa, como em geral fez durante a última guerra,¹ provavelmente emergirá desta presente dificuldade com suas fileiras ainda mais esvaziadas e tendo ainda menor valor para a vida do povo.

Cabe-nos despertar e reaprender que, embora o nosso evangelho é atemporal e imutável, é, não obstante, sempre contemporâneo. Devemos enfrentar a presente situação e temos que dizer ao mundo uma palavra que ninguém mais pode dizer.

Devemos tratar da presente situação como ela é. E é por isso que devemos estar dispostos a “ser cruéis para sermos bondosos”.

A ultima guerra foi considerada como uma espécie de interlúdio no drama da vida, e os homens, não compreendendo que foi na verdade uma parte essencial e inevitável do drama, simplesmente esperaram o fim dela para poderem reassumir sua posição. A nossa atitude não deve ser a de apenas esperarmos o fim da guerra para podermos reassumir as nossas atividades normais. Temos que ser mais ativos do que nunca, e especialmente em nosso pensamento.

A guerra de 1924-1918, como se tem dito,foi considerada como uma estranha e inexplicável pausa na marcha do progresso humano. O progresso continuaria após a guerra. E aqui estamos nós em nossas presentes circunstâncias! Qual será a causa do problema? Certamente só pode ser óbvio, agora, que toda a visão da vida era inteiramente errônea e falsa.

É com a finalidade de expor essa falácia (do progresso humano) e revelar a verdade, que eu chamo a sua atenção para a segunda metade do capítulo da Epístola aos Romanos. Estou ansiosamente desejoso de considerar com vocês a referida passagem, pois ela revela algumas das falácias mais comuns subjacentes ao texto, falácias responsáveis pela falsa visão da vida que tem iludido a humanidade por tanto tempo.

Na esfera da religião, a tendência geral deu surgimento de uma nova ciência – qual seja, o estudo de religiões comparadas, isto surgiu em parte como resultado dos movimento de colonização do século anterior e em parte, também, como resultado dos fatos que vieram à luz em conexão com a obra de várias sociedades missionárias. Aonde quer que os homens iam, descobriam que nativos e selagens tinham, todos, uma ou outra forma de religião. Gradativamente, foram observando essas religiões e tomaram interesse especial por observar o tipo de religião encontrada. Eventualmente, com base nisso tudo, foi proposta uma teoria no sentido de que se deveria ver na história do homem um certo e definido desenvolvimento e evolução, num sentido religioso. Os que pertenciam esta escola diziam que o homem, em seu modelo mais primitivo, acreditava num vago espírito que residia nas árvores, nas rochas e outros objetos – animismo. A seguir vinha uma espécie de magia, cultos etc...até atingir um estagio que pode ser descrito como politeismo.

Tudo isso visava mostrar que, inata no homem, há uma lei que o compele a procurar Deus e a chegar a Ele. Os que sustentavam essa idéia diziam: pôde-se ver claramente um desenvolvimento gradual da idéia de Deus sustentada pelos filhos de Israel.

Essa teoria pressupõe que, por natureza, o homem é uma criatura que está sempre em busca e sedento de conhecimento de Deus e de comunhão com Ele, e que Cristo é o Homem que penetrou mais fundo e subiu mais alto nesse esforço.
Essa é, então, a teoria e idéia sustentada por muitos. Que temos para dizer a isso? Podemos dispor o nosso assunto sob os seguintes ponto:

( i ) É uma idéia que falseia a história bíblica. Diz o apóstolo Paulo que o homem teve, desde o inicio, o conhecimento de Deus, e, se este lhe falta agora, é porque ele o suprimiu deliberadamente e o perdeu. A história do homem com respeito a Deus, segundo o apóstolo, não é a história de um progresso com desenvolvimento e elevação gradativa, mas, antes, uma história de declínio e queda – um retrocesso, uma degeneração.
Lembro a vocês que até Abraão foi criado num estado de idolatria. Até a linhagem especial de Sem se havia deteriorado e havia abandonado este verdadeiro conhecimento de Deus. Em seguida Deus toma Abraão e lhe faz a revelação especial. Esta é transmitida a Isaque e a Jacó, e, depois, aos filhos de Israel. Que foi, porém, que aconteceu com eles? Basta vocês lerem a história deles para verem que sempre houve neles a mesma tendência que se manifesta nos outros ramos da raça humana. Nenhum desenvolvimento, mas definida retrogressão. Se isso aconteceu com esse povo especial, é obviamente ridículo afirmar que o resto da humanidade estava constantemente buscando e lutando por um conhecimento cada vez mais completo de Deus. Israel não chegou à fé no Deus único devido à sua luta e a seu esforço. Deus se lhe revelou de maneira única.

( ii ) Essa teoria falseia a história do homem subseqüente à história bíblica. Não há nada que seja mais característico da historia da Igreja do que a estranha periodicidade que se vê nos fatos narrados. Num sentido, história da Igreja é uma constante série de períodos alternantes de progresso e declínio, de avivamento espiritual e espiritual apatia. Se a doutrina do progresso e desenvolvimento fosse verdadeira, esperáramos que cada avivamento levasse inevitavelmente a um progresso ainda maior, que os homens, tendo sentido o estímulo e o ímpeto de um grande período de benção, redobrassem seu esforços e continuassem a crescendo e se desenvolvendo numa intensidade sempre crescente. Mas não é isso que está acontecendo.

( iii ) Desejo mostrar-lhe que essa teoria inteiramente à parte das provas que eu aduzi, é obviamente falsa, ainda que fosse meramente do ponto de vista do nosso conhecimento da natureza do homem. Quão completamente monstruoso é postular essa idéia de que, por natureza, o homem está imbuído desta sede e deste anseio de conhecer Deus, quando vocês vêem o homem moderno! E o fato é que dentro de nós está a prova final de que o que o apostolo Paulo diz é certo: “A inclinação da carne é inimizade contra Deus” (Romanos 8.7) O homem por natureza, sempre quer romper caminho e ir para longe de Deus, e o apóstolo Paulo nos diz precisa e exatamente por que é assim e como essa tendência se mostra.

Isso se deve, ao espírito de insubordinação inerente à natureza humana: “Tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus”. Observem na história dos filhos de Israel. Apesar de toda a paciência de Deus com eles, e Sua bondade para com eles, constantemente Lhe davam as costas.

E essa é a segunda observação de Paulo: ”Nem lhe deram graças”. E assim é, naturalmente, pela razão expressa no terceiro passo do apóstolo Paulo nesta historiado declínio e queda da humanidade, tendo ela repudiado o conhecimento de Deus. É o orgulho.

“...antes em seu discursos se desvaneceram. Dizendo-se sábios, tornaram-se louco”. Os homens recusam o conhecimento de Deus que lhes é oferecido e dado, rejeitam as estupendas obras de Deus, mas, sentindo falta e necessidade de uma religião, passam a fazer seu próprio deus.

Ser bondoso e indulgente empregando vagas generalizações acerca do homem e do seu desenvolvimento, etc. , e apenas convidá-lo para seguir a Cristo, não basta. O homem precisa ser convencido e tornar convicto do seu pecado. Ele tem que encarar a verdade nua e crua acerca de si mesmo e de sua atitude para com Deus. Somente quando ele se der conta dessa verdade é que estará realmente pronto para crer no evangelho e para ser convertido a Deus.

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NOTAS

1Primeira Guerra Mundial, 1914-1918. Nota do tradutor

FONTE

A SITUAÇÃO CRITICA DO HOMEM E O PODER DE DEUS, D. M. LLOYD-JONES, EDITORA - PES.

Anotações da Exposição de Filipenses 1:9-11, Sermão nº 5

Anotações da exposição de Filipenses.

Por

Pr. Silas Roberto Nogueira


"Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho. Mas, se o viver na carne me der fruto da minha obra, não sei então o que deva escolher. Mas de ambos os lados estou em aperto, tendo desejo de partir, e estar com Cristo, porque isto é ainda muito melhor. Mas julgo mais necessário, por amor de vós, ficar na carne. E, tendo esta confiança, sei que ficarei, e permanecerei com todos vós para proveito vosso e gozo da fé, Para que a vossa glória cresça por mim em Cristo Jesus, pela minha nova ida a vós".

(Filipenses 1.9-11)

INTRODUÇÃO


Na semana passada tratei com os irmãos de como o apóstolo Paulo reagia aos sofrimentos (v.12,13), como reagia a oposição (v.14-18) e como reagia ao futuro incerto (v.19,20). Em cada uma dessas circunstâncias Paulo se comporta de maneira exemplar e digna de ser imitada. Como as pessoas não mudam o que é válido para Paulo é para o cristão hoje. O que realmente importa é a atitude em cada uma dessas circunstâncias.

Nesta noite quero avançar um pouco mais na questão das atitudes de Paulo. Focalizarei, no entanto, outros aspectos. A tese é a mesma, isto é, quem tem Cristo como centro de sua vida reage de uma maneira que faz toda a diferença e demonstra quem de fato é. O cristão não é diferenciado do incrédulo pelo que deixa de fazer, como se o cristianismo fosse uma religião negativa. Ao contrário o cristão é diferenciado pelo que ele faz, quando os outros não sabem o que fazer. Especialmente em três instâncias – pelo que viver, pelo que morrer e o que fazer.

1. PAULO É ALGUÉM QUE SABE PELO QUE VIVER, vv. 21,22.
“O viver é...” – que significa? Há muitos conceitos sobre o que é viver. O homem comum existe; alguns vivem pelo prazer; outros se conformam a tudo com uma indiferença estóica; os místicos vivem em busca de experiências espirituais; outros pelas suas famílias; os humanistas para fazer o bem; o religioso pela atividade na igreja ou religião; A vida consiste do que eu penso e na esfera dos meus interesses. Paulo diz que Cristo é sua razão de existir:

(1) tem a Cristo como seu único valor (3:4-10); (Mt.6:21) Lutero disse que o deus de um homem é o que ele ama.
(2) tem a mente e sentimento de Cristo (2:5-11; 1 Co.2:16);
(3) tem sua força emanada de Cristo (4:13);
(4) tem Cristo como sua fonte de alegria (3:1). Mathew Henry diz “a glória de Cristo deveria ser o fim da nossa vida, a graça de Cristo, o princípio de nossa vida, e a Palavra de Cristo a regra da mesma”.

O Conde Zinzendorf declarou: Tenho uma só paixão: Ele, somente Ele”.

Pelo que temos vivido? O cristão é aquele que sabe pelo que viver, e seu viver é Cristo. Porventura podemos dizer isso hoje?

2. PAULO É ALGUÉM QUE SABE PELO QUE MORRER, vv. 23

“partir e estar com Cristo...melhor” – que significa? Milhares de pessoas a cada ano põem fim às suas vidas por que não sabem lidar com as dificuldades. No passado o Japão tinha os guerreiros kamikazes que se suicidavam pela sua pátria, entre os mulçumanos o suicídio de jovens é incentivado em troca de um paraíso sensual; muitos morreram em revoluções para implantar o comunismo. Posso dizer que todas essas morte foram vãs. Por uma única razão, eles morreram por uma ideologia, nada além de uma idéia fixa em suas mentes. Essa ideologia não poderá ressuscitá-los ou trazê-los da tumba. Não é só preciso saber pelo que viver, é preciso saber pelo que morrer. Paulo estava disposto a enfrentar o martírio por Cristo, viu a sua morte como “algo muito melhor” (v.23):

(1) a morte perdeu seu terror quando conquistada por Cristo;
(2) a morte o colocaria diretamente com Cristo; (“estar com Cristo”, v.23)
(3) há a certeza da ressurreição (3:11)
(4) sua morte seria um sacrifício, nisto ele poderia alegrar-se (2:17; 2 Tm.4:6)

Jim Elliot deu a sua vida para pregar aos aucas, Peru.

Pelo que estamos dando as nossas vidas? O cristão é aquele que sabe pelo que dá a sua vida.

3. PAULO SABE O QUE TEM QUE FAZER, v.24-26

Paulo está convencido de que será liberto de sua prisão à luz do fato de que as igrejas, especialmente a de Filipos ainda precisa dele. Não é uma intuição, mas certeza – “estou convicto” (25) – ele sabe o que tem que fazer:

(1) ele usará cada oportunidade para frutificar (22);
(2) sua estada entre os crentes visava o seu progresso e alegria (25);
(3) sua permanência com vida implicaria em seu próprio progresso espiritual (3:12-16). Paulo sabia que sua vida era essencialmente uma vida de serviço, afinal ele se considera “escravo”.

Corrie tem Boom serviu com sua casa.

Porventura sabemos o que fazer com o precioso tempo que o Senhor nos concede? O cristão é aquele que sabe o que deve fazer e faz.

Conclusão

Podemos dizer como Paulo: Para mim o viver é Cristo, minha razão de viver é Cristo, de tal modo estou envolvido com Cristo que morrer para estar com Ele é lucro?

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Como Passar o Dia com Deus

Por
Richard Baxister


A vida longa e febril de Richard Baxter (1615-1691) foi caracterizada por condições precárias de saúde. Mesmo assim, ele produziu material (mormente nas áreas da teologia prática ou pastoral) suficiente para encher 23 volumes, numa edição de suas obras publicada no século dezenove. Viveu num período da história da Inglaterra caracterizado igualmente por destruição e criatividade e, de certo modo, a sua vida retratou a tumultuosa colisão dessas forças.

Seu maior empreendimento não foi de escala nacional, mas local. Em 1641 foi nomeado pastor de Kidderminster, em Worcestershire, que na época tinha uma população em torno de 2.000 habitantes. Quando começou seu ministério ali, encontrou, nas palavras dele mesmo, “um povo ignorante, rude e libertino”. Poucas famílias iam à igreja. Além de pregar aos domingos e às quintas-feiras (uma hora cada vez!), Baxter iniciou um incansável programa de visitação, aconselhamento pessoal, e ensino, visitando casa por casa, dia após dia. Ele ensinava individualmente os membros de sua igreja, catequizando-os (isto é, pelo método de pergunta e resposta) sistematicamente no cristianismo básico. Gradativamente, uma notável mudança se observou em toda a cidade, de maneira que quando partiu, 20 anos depois, foi difícil encontrar uma família numa rua que não tivesse sido espiritualmente transformada. Na maioria dos domingos, 1.000 pessoas lotavam o templo (cinco galerias tiveram que ser construídas para acomodá-las). Seis anos após sua partida, ele não tinha ouvido falar de um só convertido que tivesse se desviado. Como pastor, Richard Baxter era incomparável. O que ele deixou feito e registrado em Kidderminster é talvez uma das maiores realizações pastorais da história da Igreja.

Conquanto ordenado na Igreja Anglicana, tornou-se mais tarde um não conformista, vindo a ser expulso do ministério que exercia em Kidderminster. Baxter foi para Londres, para continuar pregando, e ali foi preso, quando estava com setenta anos de idade; esteve preso durante vinte e um meses. Morreu cinco anos depois.

Uns 135 artigos de sua lavra foram publicados durante sua vida, e 5 obras póstumas foram impressas posteriormente. Ele é melhor conhecido por três livros em particular. O primeiro, The Saints’ Everlasting Rest (O Repouso Eterno dos Santos), publicado pela primeira vez em 1650, é um livro sobre o céu, reconhecido como um clássico no assunto. O segundo, The Reformed Pastor, publicado pela primeira vez em 1656, é talvez o mais desafiador livro escrito para pastores. O terceiro grande livro de Baxter é A Call to the Unconverted (Um Chamado ao Não Convertido), publicado pela primeira vez em 1658, e considerado por muitos como o melhor livro já escrito acerca da conversão.

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Como Passar o Dia com Deus

“Portanto, quer comais, quer bebais, ou façais outra cousa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus”.
(1 Corintios 10.31)

Sono

Controle o tempo do seu sono apropriadamente, de modo que você não desperdice as preciosas horas da manhã preguiçosamente em sua cama. O tempo do seu sono deve ser determinado pela sua saúde e labor, e não pelo prazer da preguiça.

Primeiros Pensamentos

Dirijam a Deus os seus primeiros pensamentos ao acordar, elevem a Ele o coração com reverência e gratidão pelo descanso desfrutado durante a noite e confiem-se a Ele no dia que inicia.
Familiarizem-se tão consistentemente com isto, até que a consciência de vocês venha a acusá-los quando pensamentos ordinários queiram insurgir em primeiro lugar. Pensem na misericórdia de uma noite de descanso, mal acomodados, padecendo dores e enfermidades, cansados do corpo e da vida.
Pensem em quantas almas foram separadas dos seus corpos nesta noite, aterrorizadas por terem que se apresentar diante de Deus, e em quão rapidamente os dias e noites estão passando! Quão rapidamente a última noite e dia de vocês virão! Considerem no que está faltando no preparo da alma de vocês para tal momento e busquem isso sem demora.

Oração

Acostumem-se a orar sozinhos (ou com o cônjuge) antes da oração coletiva em família. Se possível, que isto seja feito antes de qualquer outra ocupação.

Culto Familiar

Realizem o culto familiar consistentemente e em uma hora em que é mais provável que a família não sofra interrupções.

Propósito Básico

Lembrem-se do propósito básico da vida de vocês, e quando estiverem se preparando para trabalhar ou realizar atividade neste mundo, que a inscrição santos para o Senhor esteja gravada no coração de vocês em tudo o que fizerem.
Não realizem nenhuma atividade que não possam considerar agradável a Deus, e que não possam verdadeiramente afirmar que Deus a aprova. Não façam nada neste mundo com nenhum outro propósito que não agradar a Deus, glorificá-lO e gozá-lO. O que quer que fizerdes, fazei tudo para a glória de Deus (1 Co.10:31).


Diligência na Vocação
Realizem as tarefas concernentes à ocupação de vocês cuidadosa e diligentemente. Assim fazendo:

1. Vocês demonstrarão que não são preguiçosos e escravos da carne (como aqueles que não podem negar-lhe o comodismo); e estarão mortificando todas as paixões e desejos que são alimentados pelo comodismo e preguiça.

2. Vocês estarão mantendo fora da mente os pensamentos indignos que fervilham nas mentes de pessoas desocupadas.

3. Vocês não estarão desperdiçando tempo precioso, algo do que pessoas desocupadas se tornam diariamente culpadas.

4. Vocês estarão num caminho de obediência a Deus, enquanto que os preguiçosos estão em constante pecado de omissão.

5. Vocês poderão dispor de mais tempo para empregar em deveres santos se realizarem suas tarefas com diligência. Pessoas desocupadas não têm tempo para os deveres espirituais, porque desperdiçam tempo demorando-se em seus trabalhos.

6. Vocês poderão esperar bênçãos da parte de Deus e provisões confortáveis para vocês e para as suas famílias.

7. Isto também pode exercitar o corpo de vocês, o que poderá habilitá-los mais para o serviço da alma.

Tentações e coisas que Corrompem
Estejam perfeitamente familiarizados com as tentações e coisas que tendem a corromper você, e sejam vigilantes o dia todo contra isso. Vocês devem estar alertas especialmente para as tentações que têm se mostrado mais perigosas e cuja presença ou emprego sejam inevitáveis.
Estejam alertas contra os pecados mestres da incredulidade: a hipocrisia, a auto-suficiência, o orgulho, o agradar a carne e o prazer excessivo nas coisas terrenas. Tenham cuidado para não se deixarem atrair para uma mente mundana, e para os cuidados excessivos , ou desejos cobiçosos pela abastança, sob a pretensão de serem diligentes no trabalho de vocês.
Se tiverem que negociar com outras pessoas, tenham cuidado contra o egoísmo ou qualquer coisa que se assemelhe à injustiça ou falta de caridade. Ao lidar com as pessoas, estejam alertas para não usarem de palavras vãs e desocupadas.
Sejam vigilantes também com relação às pessoas que tentam vocês à ira (ou a qualquer tipo de pecado). Mantenham a modéstia e a clareza, no falar, que as leis da pureza requerem. Se tiverem que conviver com bajuladores, sejam vigilantes para não se deixarem inchar de orgulho.
Se tiverem de conviver com pessoas que desprezam ou injuriem vocês, resistam contra a impaciência e o orgulho vingativo.
No início estas coisas serão muito difíceis, enquanto o pecado for forte em vocês. Mas tão logo tiverem adquirido profunda compreensão do perigoso veneno de qualquer destes pecados, o coração de vocês irá pronta e facilmente evitá-los.
Meditação
Quando estiverem sozinhos nas ocupações de vocês, aprendam a remir o tempo em meditações práticas e benéficas. Meditem na infinita bondade e perfeições de Deus, em Cristo e na obra da redenção, nos céus e em quão indignos são de irem para lá e em como vocês merecem a miséria eterna do inferno.

Remindo o Tempo

Valorizem o tempo de vocês. Sejam mais cuidadosos em não desperdiçá-lo do que o são em não desperdiçar dinheiro. Não permitam que recreações inúteis, conversas vãs e companhias não proveitosas, ou o sono roubem o preciosos tempo de vocês.
Sejam mais cuidadosos em escapar das pessoas, ações ou situações da vida que tendem a roubar o tempo de vocês do que o seriam em escapar de ladrões ou salteadores.
Certifiquem-se não apenas de não estarem sendo desocupados, mas de estarem usado o tempo de vocês da maneira mais proveitosa possível. Não prefiram um caminho menos proveitosos à um outro de maior proveito.

Comer e Beber

Comam e bebam com moderação e gratidão, para serem saudáveis e não por prazer inútil. Jamais satisfaçam o apetite pela comida ou bebida quando isto tender a fazer mal à saúde de vocês.
Lembrem-se do pecado de Sodoma: “Eis que esta foi a iniquidade de Sodoma, tua irmã: soberba, fartura de pão e próspera tranqüilidade, teve ela e suas filhas...” (Ez.16:49).
O Apóstolo Paulo chorou quando mencionou aqueles: “cujo destino é a destruição, cujo deus é o ventre, e cuja glória está na infâmia; visto que só se preocupam com as coisas terrenas” (Fp.3:19).
Estes são chamados de inimigos da cruz de Cristo (v.18). “Porque se viverdes segundo a carne, caminhais para a morte; mas se pelo Espírito mortificardes os feitos do corpo, certamente vivereis” (Rm.8:13).

Pecados Prevalecentes (queda em pecado)

Se qualquer tentação prevalecer, e vocês vierem a cair em qualquer pecado adicional às deficiências habituais de vocês, lamentem imediatamente e confessem isto a Deus. Arrependam-se rapidamente, custe o que custar. Certamente custará mais ainda continuar no pecado e sem arrependimento.
Não façam pouco caso das falhas habituais de vocês, mas confessem-nas e esforcem-se diariamente contra elas, tendo cuidado para não agravá-las pela falta de arrependimento e pelo descaso.

Relacionamentos

Atentes diariamente para os deveres especiais relativos aos vários relacionamentos de vocês, seja na condição de maridos, esposas, filhos, patrões, empregados, pastores cidadãos ou autoridades.
Lembrem-se que cada relação tem seus deveres especiais e seus proveitos da realização de algum bem. Deus requer de vocês fidelidade nestes relacionamentos, bem como em quaisquer outros deveres.

Ao Final do Dia

Antes de dormir, é sábio e necessário relembrar as nossas atitudes e misericórdias recebidas durante o dia que termina, de maneira que sejam agradecidos por todas as misericórdias recebidas e humilhados por todos os pecados cometidos.
Isto é necessário a fim de que vocês possam renovar o arrependimento bem como ser mais resolutos na obediência, e a fim de que examinem a si mesmos, para ver se a alma de vocês progrediu ou piorou, para ver se o pecado foi diminuído e a graça aumentada; e para avaliar se vocês estão mais preparados para o sofrimento, para a morte e para e eternidade.

Conclusão

Que estas instruções sejam gravadas na mente de vocês e se tornem prática diária nas suas vidas.
Se vocês observarem sinceramente estas instruções, elas conduzirão vocês à santidade, à frutificação, à tranqüilidade na vida, e ainda acrescentarão a vocês uma morte confortável e em paz.