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quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Anotações da Exposição de Filipenses 2:1-5, Sermão nº 7

Por:

Silas Roberto Nogueira

Texto: 2:1-5

"Se há, pois, alguma exortação em Cristo, alguma consolação de amor, alguma comunhão do Espírito, se há entranhados afetos e misericórdias, completai a minha alegria, de modo que penseis a mesma coisa, tenhais o mesmo amor, sejais unidos de alma, tendo o mesmo sentimento. Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo. Não tenha cada um em vista o que é propriamente seu, senão também cada qual o que é dos outros. Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus,"

INTRODUÇÃO

O final do cap. 1.27-30 nos diz para vivermos de um modo digno do evangelho, lutar pelo evangelho e sofrer pelo evangelho. Aqui neste trecho, Paulo encoraja os crentes à unidade. Unidade é tema comum no meio evangélico, mas, embora muito discutida é pouco praticada.

Há uma relação entre os trechos de 1:27-30 e 2:1-5 o “portanto/pois” indica isso. Paulo faz um movimento contrário - de fora para dentro. A razão pode ser que ele percebeu que a igreja desunida seria facilmente derrotada em um ataque frontal do inimigo, daí começa a tratar desse problema crucial. Paulo nos apresenta as bases da unidade cristã, como obtê-la e como mantê-la.

1. A UNIDADE CRISTÃ RESIDE NOS BENEFÍCIOS ‘EM’ CRISTO, v.1

Aqui Paulo apresenta “a base da unidade cristã”. Ele começa com “se... em Cristo”- não significa que tivesse dúvidas, mas que a sua exortação à unidade provém daquilo que os crentes dizem ter em Cristo:

(a) Exortação/motivação (NVI) que vem de Cristo (Jo.14:16; 1 Jo.2:1)

(b) Consolação que vem do amor (de Deus) (1 Ts.5:14) –uma palavra de apoio.

(c) Comunhão que vem do Espírito (2 Co.13:14)

(d) Afeições- uns pelos outros que vem pela nova vida. (Cl.3:12)

2. A UNIDADE CRISTÃ RESIDE EM FAZER AOS OUTROS O QUE CRISTO FEZ POR NÓS, v.2-4

“Visto que vocês experimentaram... em Cristo, façam isso uns pelos outros”.(v.1), aqui Paulo apresenta a parte aplicativa da sua doutrina de que aquilo que sabemos devemos praticar. Aqui ele mostra o “como obter a unidade”:

(a) pensar a mesma coisa (opinão, disposição) – habitual (pres), disciplina (ativa)

(b) o mesmo amor- (Rm.5:5)

(c) ser uma alma - harmonia (1 Sm.18:1)

(d) ser humilde e altruísta (3,4) - “ambição egoísta/vanglória = “vaidade pessoal” – “mas” (contraste) – lit. “humildade de mente” (Rm.12:3,10,16) e altruísmo.

3. A UNIDADE CRISTÃ RESIDE EM SEGUIR O EXEMPLO DE CRISTO, v.5

“seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus” (NVI) Aqui Paulo nos mostra “como manter a unidade”:

(a) Seu comportamento altruísta

(b)Sua atitude humilde

(c) Sua atitude sacrificial

Conclusão:

A unidade cristã só é obtida nas bases em que a Bíblia nos apresenta, só pode ser obtida por meio daquilo que a Bíblia prescreve e mantida se seguirmos o exemplo de Cristo. Dr. Lloyd-Jones declarou em uma palestra que (a) a unidade não é um fim em si mesma; (b) a unidade não deve ser posta em primeiro lugar; (c) a unidade não pode existir à parte da doutrina e (d) a unidade tem como ponto de partida a regeneração. Sem tais elementos, unidade é coisa que não existe.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Anotações da Exposição de Filipenses 1:27-30, Sermão nº 6

Por
Pr. Silas Roberto Nogueira
Texto: Filipenses 1:27-30
Introdução

Vimos no estudo anterior que o apóstolo Paulo é alguém que sabe pelo que viver, pelo que morrer e o que fazer. Ao terminar este capítulo Paulo deixa a seção introdutória e autobiográfica para seção prática, na qual fará uma exortação geral e apresentará seus desdobramentos. Como era seu costume, ele parte do geral para o específico. Mas, antes de iniciar a parte prática, Paulo nos diz três coisas sumamente importantes.

1. VIVA DE MODO DIGNO DO EVANGELHO, v. 27ª

Às vezes o melhor jogador de um determinado esporte se comporta mal. Seu mau comportamento faz com que o esporte fique mau visto. Quando os cristãos se comportam mal, que as pessoas pensam sobre a sua mensagem? Que tipo de comportamento afasta as pessoas de Jesus? Pense na beleza da “boa nova” sobre Jesus. Pense em quão cheio de amor, verdade e alegria ela é. A nossa vida deve ser consistente com a mensagem do Evangelho. Ela deve ser cheia de amor, verdade e alegria. O que agrada a Deus? Ter muitos dons, ou ser como Jesus? Falar muito sobre Jesus ou viver de acordo com a nossa mensagem, com o Evangelho?

2. LUTE PELO EVANGELHO, vv. 27b (“lutando juntos pela fé...”)

Imagine que você está numa corrida. Há um grande prêmio. Devemos nos esforçar ainda mais pelo Evangelho. (1 Co 9.24,25) Nós não estamos nessa corrida sozinhos. Nós lutamos como uma equipe, juntos (“lutando juntos”). Nós não devemos desistir. Não devemos dizer coisas desagradáveis sobre o outro, (4.2,3) Não podemos ferir o outro. Nunca poderemos vencer uma corrida como essa se fizermos isso (Mt 12.25ss). O evangelho de Jesus é mais importante que as nossas diferenças pessoais e por isso devemos ficar juntos. Então o povo em volta de nós pode saber a verdade sobre Jesus vendo que somos unidos.

3. SOFRA PELO EVANGELHO, v. 28-30

O diabo é contra o Evangelho. Então, as pessoas que servem a satanás são contra o Evangelho. Eles vão atacar os cristãos que defendem o Evangelho. (Jo 15.18-24) Paulo diz três coisas para encorajar-nos quando sofremos por Jesus:
1. É um sinal: v.28. As pessoas podem ser contra nós, porque nós seguimos Jesus. Mas isso mostra que somos verdadeiros cristãos. Isso também mostra que nós vamos vencer nossos inimigos e ele vai perder.
2. É um dom: v.29. É uma boa dádiva de Deus crer em Jesus. Também é uma boa dádiva sofrer por Ele. (Mt 5.10-12)
3. É normal, v.30. Paulo, da prisão encoraja os crentes. Não desistam! Vocês estão sofrendo como eu, portanto, estamos juntos nisso. Cristo nos deixou exemplo e nos avisou sobre isso – se o perseguiram, farão isso com a gente, Jo 15.20. Se isso ocorrer, devemos nos considerar “bem aventurados”, Mt 5.11; 1 Pe 3.14.
Conclusão:
• vv. 1, 2 - Somos escravos
• vv. 6-11 - Deus começou a obra; Ele sustenta e consumará a nossa fé.
• vv. 9-11 - O único pedido – amor crescente
• vv. 12-20 -Como reagir ao sofrimento, a oposição e ao futuro incerto
• vv. 21-26 -Saber pelo que viver, pelo que morre e o que fazer
vv. 27-30 -Viver de modo digno, unidos na luta e com intrepidez

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

A História Religiosa da Humanidade



Por

Dr. Marryn Lloyd Jones

Introdução


É com muita satisfação que trago a você esse resumo do primeiro sermão de uma série de cinco mensagens discorridas na segunda metade do capítulo 1 de Romanos, (originalmente pregadas na Inglaterra em março de 1941” reunidos no livro: A SITUAÇÃO CRITICA DO HOMEM E O PODER DE DEUS, do Dr. Martyn Lloyd-Jones.

Nestas mensagens o Dr. Lloyd-Jones desnuda as pretensões dos que rejeitam o cristianismo bíblico ou tentam modificá-lo. Escrito contra o pano de fundo da guerra, Lloyd-Jones repudia a lamentável ignorância dos que afirmam a realidade da bondade humana e que vêem a guerra como uma aberração do nosso estado natural. Nesse primeiro capítulo o Doutor discorda inteiramente da história da escola das religiões, e de toda e qualquer idéia de que o homem está ficando melhor. O autor examina Romanos e a história humana e afirma que sua clara mensagem é que estamos em difícil situação espiritual.


A História Religiosa da Humanidade


“Portanto, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes em seus discursos se desvaneceram, e o seu coração insensato se obscureceu.”

(Romanos 1.21)


Todos nós estamos familiarizados com os dizeres que nos lembram que às vezes temos que “ser cruéis para sermos bondosos”. Parece-me que esse é o princípio que a Igreja é chamada a pôr em prática no presente, se é que ela há de funcionar verdadeiramente como igreja de Deus na hora de crise e de calamidade. É sempre mais agradável amenizar e confortar do que causar dor e provocar reações desagradáveis. Mas certamente chegou à hora de tratar da situação atual do mundo e considerá-la de maneira radical.

Nada pode ser mais fatal do que a impressão que se tem em geral de que a única tarefa da Igreja é acalmar e confortar os homens e as mulheres que se tornaram infelizes por causa das presentes circunstâncias. O ministério de conforto e consolação é parte integrante da obra da Igreja, mas, se ela dedicar toda a sua energia unicamente a essa tarefa, como em geral fez durante a última guerra,¹ provavelmente emergirá desta presente dificuldade com suas fileiras ainda mais esvaziadas e tendo ainda menor valor para a vida do povo.

Cabe-nos despertar e reaprender que, embora o nosso evangelho é atemporal e imutável, é, não obstante, sempre contemporâneo. Devemos enfrentar a presente situação e temos que dizer ao mundo uma palavra que ninguém mais pode dizer.

Devemos tratar da presente situação como ela é. E é por isso que devemos estar dispostos a “ser cruéis para sermos bondosos”.

A ultima guerra foi considerada como uma espécie de interlúdio no drama da vida, e os homens, não compreendendo que foi na verdade uma parte essencial e inevitável do drama, simplesmente esperaram o fim dela para poderem reassumir sua posição. A nossa atitude não deve ser a de apenas esperarmos o fim da guerra para podermos reassumir as nossas atividades normais. Temos que ser mais ativos do que nunca, e especialmente em nosso pensamento.

A guerra de 1924-1918, como se tem dito,foi considerada como uma estranha e inexplicável pausa na marcha do progresso humano. O progresso continuaria após a guerra. E aqui estamos nós em nossas presentes circunstâncias! Qual será a causa do problema? Certamente só pode ser óbvio, agora, que toda a visão da vida era inteiramente errônea e falsa.

É com a finalidade de expor essa falácia (do progresso humano) e revelar a verdade, que eu chamo a sua atenção para a segunda metade do capítulo da Epístola aos Romanos. Estou ansiosamente desejoso de considerar com vocês a referida passagem, pois ela revela algumas das falácias mais comuns subjacentes ao texto, falácias responsáveis pela falsa visão da vida que tem iludido a humanidade por tanto tempo.

Na esfera da religião, a tendência geral deu surgimento de uma nova ciência – qual seja, o estudo de religiões comparadas, isto surgiu em parte como resultado dos movimento de colonização do século anterior e em parte, também, como resultado dos fatos que vieram à luz em conexão com a obra de várias sociedades missionárias. Aonde quer que os homens iam, descobriam que nativos e selagens tinham, todos, uma ou outra forma de religião. Gradativamente, foram observando essas religiões e tomaram interesse especial por observar o tipo de religião encontrada. Eventualmente, com base nisso tudo, foi proposta uma teoria no sentido de que se deveria ver na história do homem um certo e definido desenvolvimento e evolução, num sentido religioso. Os que pertenciam esta escola diziam que o homem, em seu modelo mais primitivo, acreditava num vago espírito que residia nas árvores, nas rochas e outros objetos – animismo. A seguir vinha uma espécie de magia, cultos etc...até atingir um estagio que pode ser descrito como politeismo.

Tudo isso visava mostrar que, inata no homem, há uma lei que o compele a procurar Deus e a chegar a Ele. Os que sustentavam essa idéia diziam: pôde-se ver claramente um desenvolvimento gradual da idéia de Deus sustentada pelos filhos de Israel.

Essa teoria pressupõe que, por natureza, o homem é uma criatura que está sempre em busca e sedento de conhecimento de Deus e de comunhão com Ele, e que Cristo é o Homem que penetrou mais fundo e subiu mais alto nesse esforço.
Essa é, então, a teoria e idéia sustentada por muitos. Que temos para dizer a isso? Podemos dispor o nosso assunto sob os seguintes ponto:

( i ) É uma idéia que falseia a história bíblica. Diz o apóstolo Paulo que o homem teve, desde o inicio, o conhecimento de Deus, e, se este lhe falta agora, é porque ele o suprimiu deliberadamente e o perdeu. A história do homem com respeito a Deus, segundo o apóstolo, não é a história de um progresso com desenvolvimento e elevação gradativa, mas, antes, uma história de declínio e queda – um retrocesso, uma degeneração.
Lembro a vocês que até Abraão foi criado num estado de idolatria. Até a linhagem especial de Sem se havia deteriorado e havia abandonado este verdadeiro conhecimento de Deus. Em seguida Deus toma Abraão e lhe faz a revelação especial. Esta é transmitida a Isaque e a Jacó, e, depois, aos filhos de Israel. Que foi, porém, que aconteceu com eles? Basta vocês lerem a história deles para verem que sempre houve neles a mesma tendência que se manifesta nos outros ramos da raça humana. Nenhum desenvolvimento, mas definida retrogressão. Se isso aconteceu com esse povo especial, é obviamente ridículo afirmar que o resto da humanidade estava constantemente buscando e lutando por um conhecimento cada vez mais completo de Deus. Israel não chegou à fé no Deus único devido à sua luta e a seu esforço. Deus se lhe revelou de maneira única.

( ii ) Essa teoria falseia a história do homem subseqüente à história bíblica. Não há nada que seja mais característico da historia da Igreja do que a estranha periodicidade que se vê nos fatos narrados. Num sentido, história da Igreja é uma constante série de períodos alternantes de progresso e declínio, de avivamento espiritual e espiritual apatia. Se a doutrina do progresso e desenvolvimento fosse verdadeira, esperáramos que cada avivamento levasse inevitavelmente a um progresso ainda maior, que os homens, tendo sentido o estímulo e o ímpeto de um grande período de benção, redobrassem seu esforços e continuassem a crescendo e se desenvolvendo numa intensidade sempre crescente. Mas não é isso que está acontecendo.

( iii ) Desejo mostrar-lhe que essa teoria inteiramente à parte das provas que eu aduzi, é obviamente falsa, ainda que fosse meramente do ponto de vista do nosso conhecimento da natureza do homem. Quão completamente monstruoso é postular essa idéia de que, por natureza, o homem está imbuído desta sede e deste anseio de conhecer Deus, quando vocês vêem o homem moderno! E o fato é que dentro de nós está a prova final de que o que o apostolo Paulo diz é certo: “A inclinação da carne é inimizade contra Deus” (Romanos 8.7) O homem por natureza, sempre quer romper caminho e ir para longe de Deus, e o apóstolo Paulo nos diz precisa e exatamente por que é assim e como essa tendência se mostra.

Isso se deve, ao espírito de insubordinação inerente à natureza humana: “Tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus”. Observem na história dos filhos de Israel. Apesar de toda a paciência de Deus com eles, e Sua bondade para com eles, constantemente Lhe davam as costas.

E essa é a segunda observação de Paulo: ”Nem lhe deram graças”. E assim é, naturalmente, pela razão expressa no terceiro passo do apóstolo Paulo nesta historiado declínio e queda da humanidade, tendo ela repudiado o conhecimento de Deus. É o orgulho.

“...antes em seu discursos se desvaneceram. Dizendo-se sábios, tornaram-se louco”. Os homens recusam o conhecimento de Deus que lhes é oferecido e dado, rejeitam as estupendas obras de Deus, mas, sentindo falta e necessidade de uma religião, passam a fazer seu próprio deus.

Ser bondoso e indulgente empregando vagas generalizações acerca do homem e do seu desenvolvimento, etc. , e apenas convidá-lo para seguir a Cristo, não basta. O homem precisa ser convencido e tornar convicto do seu pecado. Ele tem que encarar a verdade nua e crua acerca de si mesmo e de sua atitude para com Deus. Somente quando ele se der conta dessa verdade é que estará realmente pronto para crer no evangelho e para ser convertido a Deus.

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NOTAS

1Primeira Guerra Mundial, 1914-1918. Nota do tradutor

FONTE

A SITUAÇÃO CRITICA DO HOMEM E O PODER DE DEUS, D. M. LLOYD-JONES, EDITORA - PES.

Anotações da Exposição de Filipenses 1:9-11, Sermão nº 5

Anotações da exposição de Filipenses.

Por

Pr. Silas Roberto Nogueira


"Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho. Mas, se o viver na carne me der fruto da minha obra, não sei então o que deva escolher. Mas de ambos os lados estou em aperto, tendo desejo de partir, e estar com Cristo, porque isto é ainda muito melhor. Mas julgo mais necessário, por amor de vós, ficar na carne. E, tendo esta confiança, sei que ficarei, e permanecerei com todos vós para proveito vosso e gozo da fé, Para que a vossa glória cresça por mim em Cristo Jesus, pela minha nova ida a vós".

(Filipenses 1.9-11)

INTRODUÇÃO


Na semana passada tratei com os irmãos de como o apóstolo Paulo reagia aos sofrimentos (v.12,13), como reagia a oposição (v.14-18) e como reagia ao futuro incerto (v.19,20). Em cada uma dessas circunstâncias Paulo se comporta de maneira exemplar e digna de ser imitada. Como as pessoas não mudam o que é válido para Paulo é para o cristão hoje. O que realmente importa é a atitude em cada uma dessas circunstâncias.

Nesta noite quero avançar um pouco mais na questão das atitudes de Paulo. Focalizarei, no entanto, outros aspectos. A tese é a mesma, isto é, quem tem Cristo como centro de sua vida reage de uma maneira que faz toda a diferença e demonstra quem de fato é. O cristão não é diferenciado do incrédulo pelo que deixa de fazer, como se o cristianismo fosse uma religião negativa. Ao contrário o cristão é diferenciado pelo que ele faz, quando os outros não sabem o que fazer. Especialmente em três instâncias – pelo que viver, pelo que morrer e o que fazer.

1. PAULO É ALGUÉM QUE SABE PELO QUE VIVER, vv. 21,22.
“O viver é...” – que significa? Há muitos conceitos sobre o que é viver. O homem comum existe; alguns vivem pelo prazer; outros se conformam a tudo com uma indiferença estóica; os místicos vivem em busca de experiências espirituais; outros pelas suas famílias; os humanistas para fazer o bem; o religioso pela atividade na igreja ou religião; A vida consiste do que eu penso e na esfera dos meus interesses. Paulo diz que Cristo é sua razão de existir:

(1) tem a Cristo como seu único valor (3:4-10); (Mt.6:21) Lutero disse que o deus de um homem é o que ele ama.
(2) tem a mente e sentimento de Cristo (2:5-11; 1 Co.2:16);
(3) tem sua força emanada de Cristo (4:13);
(4) tem Cristo como sua fonte de alegria (3:1). Mathew Henry diz “a glória de Cristo deveria ser o fim da nossa vida, a graça de Cristo, o princípio de nossa vida, e a Palavra de Cristo a regra da mesma”.

O Conde Zinzendorf declarou: Tenho uma só paixão: Ele, somente Ele”.

Pelo que temos vivido? O cristão é aquele que sabe pelo que viver, e seu viver é Cristo. Porventura podemos dizer isso hoje?

2. PAULO É ALGUÉM QUE SABE PELO QUE MORRER, vv. 23

“partir e estar com Cristo...melhor” – que significa? Milhares de pessoas a cada ano põem fim às suas vidas por que não sabem lidar com as dificuldades. No passado o Japão tinha os guerreiros kamikazes que se suicidavam pela sua pátria, entre os mulçumanos o suicídio de jovens é incentivado em troca de um paraíso sensual; muitos morreram em revoluções para implantar o comunismo. Posso dizer que todas essas morte foram vãs. Por uma única razão, eles morreram por uma ideologia, nada além de uma idéia fixa em suas mentes. Essa ideologia não poderá ressuscitá-los ou trazê-los da tumba. Não é só preciso saber pelo que viver, é preciso saber pelo que morrer. Paulo estava disposto a enfrentar o martírio por Cristo, viu a sua morte como “algo muito melhor” (v.23):

(1) a morte perdeu seu terror quando conquistada por Cristo;
(2) a morte o colocaria diretamente com Cristo; (“estar com Cristo”, v.23)
(3) há a certeza da ressurreição (3:11)
(4) sua morte seria um sacrifício, nisto ele poderia alegrar-se (2:17; 2 Tm.4:6)

Jim Elliot deu a sua vida para pregar aos aucas, Peru.

Pelo que estamos dando as nossas vidas? O cristão é aquele que sabe pelo que dá a sua vida.

3. PAULO SABE O QUE TEM QUE FAZER, v.24-26

Paulo está convencido de que será liberto de sua prisão à luz do fato de que as igrejas, especialmente a de Filipos ainda precisa dele. Não é uma intuição, mas certeza – “estou convicto” (25) – ele sabe o que tem que fazer:

(1) ele usará cada oportunidade para frutificar (22);
(2) sua estada entre os crentes visava o seu progresso e alegria (25);
(3) sua permanência com vida implicaria em seu próprio progresso espiritual (3:12-16). Paulo sabia que sua vida era essencialmente uma vida de serviço, afinal ele se considera “escravo”.

Corrie tem Boom serviu com sua casa.

Porventura sabemos o que fazer com o precioso tempo que o Senhor nos concede? O cristão é aquele que sabe o que deve fazer e faz.

Conclusão

Podemos dizer como Paulo: Para mim o viver é Cristo, minha razão de viver é Cristo, de tal modo estou envolvido com Cristo que morrer para estar com Ele é lucro?

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Como Passar o Dia com Deus

Por
Richard Baxister


A vida longa e febril de Richard Baxter (1615-1691) foi caracterizada por condições precárias de saúde. Mesmo assim, ele produziu material (mormente nas áreas da teologia prática ou pastoral) suficiente para encher 23 volumes, numa edição de suas obras publicada no século dezenove. Viveu num período da história da Inglaterra caracterizado igualmente por destruição e criatividade e, de certo modo, a sua vida retratou a tumultuosa colisão dessas forças.

Seu maior empreendimento não foi de escala nacional, mas local. Em 1641 foi nomeado pastor de Kidderminster, em Worcestershire, que na época tinha uma população em torno de 2.000 habitantes. Quando começou seu ministério ali, encontrou, nas palavras dele mesmo, “um povo ignorante, rude e libertino”. Poucas famílias iam à igreja. Além de pregar aos domingos e às quintas-feiras (uma hora cada vez!), Baxter iniciou um incansável programa de visitação, aconselhamento pessoal, e ensino, visitando casa por casa, dia após dia. Ele ensinava individualmente os membros de sua igreja, catequizando-os (isto é, pelo método de pergunta e resposta) sistematicamente no cristianismo básico. Gradativamente, uma notável mudança se observou em toda a cidade, de maneira que quando partiu, 20 anos depois, foi difícil encontrar uma família numa rua que não tivesse sido espiritualmente transformada. Na maioria dos domingos, 1.000 pessoas lotavam o templo (cinco galerias tiveram que ser construídas para acomodá-las). Seis anos após sua partida, ele não tinha ouvido falar de um só convertido que tivesse se desviado. Como pastor, Richard Baxter era incomparável. O que ele deixou feito e registrado em Kidderminster é talvez uma das maiores realizações pastorais da história da Igreja.

Conquanto ordenado na Igreja Anglicana, tornou-se mais tarde um não conformista, vindo a ser expulso do ministério que exercia em Kidderminster. Baxter foi para Londres, para continuar pregando, e ali foi preso, quando estava com setenta anos de idade; esteve preso durante vinte e um meses. Morreu cinco anos depois.

Uns 135 artigos de sua lavra foram publicados durante sua vida, e 5 obras póstumas foram impressas posteriormente. Ele é melhor conhecido por três livros em particular. O primeiro, The Saints’ Everlasting Rest (O Repouso Eterno dos Santos), publicado pela primeira vez em 1650, é um livro sobre o céu, reconhecido como um clássico no assunto. O segundo, The Reformed Pastor, publicado pela primeira vez em 1656, é talvez o mais desafiador livro escrito para pastores. O terceiro grande livro de Baxter é A Call to the Unconverted (Um Chamado ao Não Convertido), publicado pela primeira vez em 1658, e considerado por muitos como o melhor livro já escrito acerca da conversão.

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Como Passar o Dia com Deus

“Portanto, quer comais, quer bebais, ou façais outra cousa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus”.
(1 Corintios 10.31)

Sono

Controle o tempo do seu sono apropriadamente, de modo que você não desperdice as preciosas horas da manhã preguiçosamente em sua cama. O tempo do seu sono deve ser determinado pela sua saúde e labor, e não pelo prazer da preguiça.

Primeiros Pensamentos

Dirijam a Deus os seus primeiros pensamentos ao acordar, elevem a Ele o coração com reverência e gratidão pelo descanso desfrutado durante a noite e confiem-se a Ele no dia que inicia.
Familiarizem-se tão consistentemente com isto, até que a consciência de vocês venha a acusá-los quando pensamentos ordinários queiram insurgir em primeiro lugar. Pensem na misericórdia de uma noite de descanso, mal acomodados, padecendo dores e enfermidades, cansados do corpo e da vida.
Pensem em quantas almas foram separadas dos seus corpos nesta noite, aterrorizadas por terem que se apresentar diante de Deus, e em quão rapidamente os dias e noites estão passando! Quão rapidamente a última noite e dia de vocês virão! Considerem no que está faltando no preparo da alma de vocês para tal momento e busquem isso sem demora.

Oração

Acostumem-se a orar sozinhos (ou com o cônjuge) antes da oração coletiva em família. Se possível, que isto seja feito antes de qualquer outra ocupação.

Culto Familiar

Realizem o culto familiar consistentemente e em uma hora em que é mais provável que a família não sofra interrupções.

Propósito Básico

Lembrem-se do propósito básico da vida de vocês, e quando estiverem se preparando para trabalhar ou realizar atividade neste mundo, que a inscrição santos para o Senhor esteja gravada no coração de vocês em tudo o que fizerem.
Não realizem nenhuma atividade que não possam considerar agradável a Deus, e que não possam verdadeiramente afirmar que Deus a aprova. Não façam nada neste mundo com nenhum outro propósito que não agradar a Deus, glorificá-lO e gozá-lO. O que quer que fizerdes, fazei tudo para a glória de Deus (1 Co.10:31).


Diligência na Vocação
Realizem as tarefas concernentes à ocupação de vocês cuidadosa e diligentemente. Assim fazendo:

1. Vocês demonstrarão que não são preguiçosos e escravos da carne (como aqueles que não podem negar-lhe o comodismo); e estarão mortificando todas as paixões e desejos que são alimentados pelo comodismo e preguiça.

2. Vocês estarão mantendo fora da mente os pensamentos indignos que fervilham nas mentes de pessoas desocupadas.

3. Vocês não estarão desperdiçando tempo precioso, algo do que pessoas desocupadas se tornam diariamente culpadas.

4. Vocês estarão num caminho de obediência a Deus, enquanto que os preguiçosos estão em constante pecado de omissão.

5. Vocês poderão dispor de mais tempo para empregar em deveres santos se realizarem suas tarefas com diligência. Pessoas desocupadas não têm tempo para os deveres espirituais, porque desperdiçam tempo demorando-se em seus trabalhos.

6. Vocês poderão esperar bênçãos da parte de Deus e provisões confortáveis para vocês e para as suas famílias.

7. Isto também pode exercitar o corpo de vocês, o que poderá habilitá-los mais para o serviço da alma.

Tentações e coisas que Corrompem
Estejam perfeitamente familiarizados com as tentações e coisas que tendem a corromper você, e sejam vigilantes o dia todo contra isso. Vocês devem estar alertas especialmente para as tentações que têm se mostrado mais perigosas e cuja presença ou emprego sejam inevitáveis.
Estejam alertas contra os pecados mestres da incredulidade: a hipocrisia, a auto-suficiência, o orgulho, o agradar a carne e o prazer excessivo nas coisas terrenas. Tenham cuidado para não se deixarem atrair para uma mente mundana, e para os cuidados excessivos , ou desejos cobiçosos pela abastança, sob a pretensão de serem diligentes no trabalho de vocês.
Se tiverem que negociar com outras pessoas, tenham cuidado contra o egoísmo ou qualquer coisa que se assemelhe à injustiça ou falta de caridade. Ao lidar com as pessoas, estejam alertas para não usarem de palavras vãs e desocupadas.
Sejam vigilantes também com relação às pessoas que tentam vocês à ira (ou a qualquer tipo de pecado). Mantenham a modéstia e a clareza, no falar, que as leis da pureza requerem. Se tiverem que conviver com bajuladores, sejam vigilantes para não se deixarem inchar de orgulho.
Se tiverem de conviver com pessoas que desprezam ou injuriem vocês, resistam contra a impaciência e o orgulho vingativo.
No início estas coisas serão muito difíceis, enquanto o pecado for forte em vocês. Mas tão logo tiverem adquirido profunda compreensão do perigoso veneno de qualquer destes pecados, o coração de vocês irá pronta e facilmente evitá-los.
Meditação
Quando estiverem sozinhos nas ocupações de vocês, aprendam a remir o tempo em meditações práticas e benéficas. Meditem na infinita bondade e perfeições de Deus, em Cristo e na obra da redenção, nos céus e em quão indignos são de irem para lá e em como vocês merecem a miséria eterna do inferno.

Remindo o Tempo

Valorizem o tempo de vocês. Sejam mais cuidadosos em não desperdiçá-lo do que o são em não desperdiçar dinheiro. Não permitam que recreações inúteis, conversas vãs e companhias não proveitosas, ou o sono roubem o preciosos tempo de vocês.
Sejam mais cuidadosos em escapar das pessoas, ações ou situações da vida que tendem a roubar o tempo de vocês do que o seriam em escapar de ladrões ou salteadores.
Certifiquem-se não apenas de não estarem sendo desocupados, mas de estarem usado o tempo de vocês da maneira mais proveitosa possível. Não prefiram um caminho menos proveitosos à um outro de maior proveito.

Comer e Beber

Comam e bebam com moderação e gratidão, para serem saudáveis e não por prazer inútil. Jamais satisfaçam o apetite pela comida ou bebida quando isto tender a fazer mal à saúde de vocês.
Lembrem-se do pecado de Sodoma: “Eis que esta foi a iniquidade de Sodoma, tua irmã: soberba, fartura de pão e próspera tranqüilidade, teve ela e suas filhas...” (Ez.16:49).
O Apóstolo Paulo chorou quando mencionou aqueles: “cujo destino é a destruição, cujo deus é o ventre, e cuja glória está na infâmia; visto que só se preocupam com as coisas terrenas” (Fp.3:19).
Estes são chamados de inimigos da cruz de Cristo (v.18). “Porque se viverdes segundo a carne, caminhais para a morte; mas se pelo Espírito mortificardes os feitos do corpo, certamente vivereis” (Rm.8:13).

Pecados Prevalecentes (queda em pecado)

Se qualquer tentação prevalecer, e vocês vierem a cair em qualquer pecado adicional às deficiências habituais de vocês, lamentem imediatamente e confessem isto a Deus. Arrependam-se rapidamente, custe o que custar. Certamente custará mais ainda continuar no pecado e sem arrependimento.
Não façam pouco caso das falhas habituais de vocês, mas confessem-nas e esforcem-se diariamente contra elas, tendo cuidado para não agravá-las pela falta de arrependimento e pelo descaso.

Relacionamentos

Atentes diariamente para os deveres especiais relativos aos vários relacionamentos de vocês, seja na condição de maridos, esposas, filhos, patrões, empregados, pastores cidadãos ou autoridades.
Lembrem-se que cada relação tem seus deveres especiais e seus proveitos da realização de algum bem. Deus requer de vocês fidelidade nestes relacionamentos, bem como em quaisquer outros deveres.

Ao Final do Dia

Antes de dormir, é sábio e necessário relembrar as nossas atitudes e misericórdias recebidas durante o dia que termina, de maneira que sejam agradecidos por todas as misericórdias recebidas e humilhados por todos os pecados cometidos.
Isto é necessário a fim de que vocês possam renovar o arrependimento bem como ser mais resolutos na obediência, e a fim de que examinem a si mesmos, para ver se a alma de vocês progrediu ou piorou, para ver se o pecado foi diminuído e a graça aumentada; e para avaliar se vocês estão mais preparados para o sofrimento, para a morte e para e eternidade.

Conclusão

Que estas instruções sejam gravadas na mente de vocês e se tornem prática diária nas suas vidas.
Se vocês observarem sinceramente estas instruções, elas conduzirão vocês à santidade, à frutificação, à tranqüilidade na vida, e ainda acrescentarão a vocês uma morte confortável e em paz.