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quarta-feira, 26 de setembro de 2012

ESTUDOS NO BREVE CATECISMO DE WESTMINSTER, Pergunta 5 - Por: Rev. Onézio Figueiredo


 
          DEUS ÚNICO
Pergunta 5. “Há mais de um Deus?”
Resposta: “Há um só Deus, o Deus vivo e verdadeiro.( Dt 6.4; Jr 10.10”).
 
   A Bíblia, no estágio final da revelação, desconhece a existência de outros deuses, a não ser a Trindade, união absolutamente, igualitária e consensual em essência, natureza e objetivos do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Israel, inicialmente, e a Igreja, posteriormente, não se apropriaram do conhecimento de Deus por via racional, por instintos místicos ou por necessidade psicológica de sublimação do ser e eternização da existência. O Deus das Escrituras revelou-se a si mesmo, deu-se a conhecer, primeiramente a uma nação limitada racial, geográfica e culturalmente, os judeus; depois, em Cristo Jesus, o Filho, humanizou-se, universalizou-se, mostrou-se a todas as raças, viabilizando-lhe a adoração em todos os lugares, por qualquer indivíduo de qualquer etnia. O Deus dos cristãos, encarnado em Cristo, único, universal e onisciente, Senhor e Salvador, habita a Igreja e tabernacula com e em cada regenerado. O cristianismo, como fazia o judaísmo, repudia o politeísmo com sua consequente polilatria por meio de ícones físicos ou imaginários.
 
   Não se deve confundir o monoteísmo israelita com o de alguns povos, que adoravam um suposto “deus supremo”, chefe de um panteon composto de inumeráveis divindades subalternas e auxiliares. Houve uma monolatria egípcia no tempo de Akhenaten( XVII dinastia),caracterizada pela adoração do “deus único”, Aten, disco solar, ou “Tehen-Aten”, raio solar. Embora não lhe fosse permitida a feitura de imagens, o monoteísmo egípcio não passava de monolatria. Era apenas a exclusividade idolátrica de uma divindade material, um culto monolátrico grosseiro. A monolatria de Akhenaten, na verdade, não ia além de um jogo político de manipulação de massas populares, pois a centralização do culto no único deus da preferência palaciana, facilitava o controle político dos vários seguimentos sociais. A fé exclusiva no deus oficial e nacional promovia a unidade administrativa da coroa e transferia a obediência devida à divindade para o faraó. A distância que separava a adoração de um deus nacional à prestada ao próprio rei era curtíssima, e frequentemente acontecia, quer por ordem natural quer por imposição palaciana. 
 
   O monoteísmo de Israel jamais foi iconolâtrico, pois se mantinha na esfera espiritual sem nenhum vínculo panteístico ou animístico. Por outro lado, como já dissemos, o Deus dos judeus lhe foi revelado. E a revelação independia do misticismo popular ou do credismo erudito. Muitas vezes Deus agiu reveladoramente contra a vontade do povo e até mesmo com a sistemática oposição dos religiosos. Monoteísmo, sim; monolatria de um deus único por meio de símbolos visíveis e imagens representativas, nunca. Por outro lado, Javé não é chefe ou cabeça de um panteon de semideuses, embora tenha a seu serviço um séquito de anjos; isto, porém, não significa henoteismo, pois os seres angélicos foram por ele criados, e lhe são submissos servos, especialmente no ministério da comunicação. As Escrituras, pois, sustentam, sem reservas e concessões, a existência de uma única divindade operante nos céus e na terra, autora, regedora e mantenedora da criação, redentora dos eleitos e auto-reveladora em Cristo Jesus. O Pai, o Filho e o Espírito Santo são um só Deus. Não há entre as pessoas trinitárias contrastes, conflitos ou diferenças ideológicas, pois são absolutamente coiguais, consensuais em santidade, poder, soberania, justiça, bondade, amor e sabedoria. Há três pessoas distintas na divindade, mas não há três deuses. Há um só Deus, trino, onisciente, onipotente, onipresente, Criador, Salvador, Mantenedor e Redentor.

Deus vivo e verdadeiro
 
 
A Bíblia nega peremptoriamente a existência real de qualquer divindade além, acima ou abaixo de Javé tanto na ordem natural (baixo na terra) como na espiritual superior (cima, nos céus), na espiritual inferior ( nas águas debaixo da terra). Destes respectivos universos( cósmico, espiritual superior e espiritual inferior) o homem estava, e ainda está, retirando imagens de deuses imaginários e, portanto, falsos. Contra tais idolatrias, iconificadas ou não, o Deus verdadeiro e vivo se levanta veementemente, porque adorar outro deus, que não seja o verdadeiramente real, atuante na criação, no governo do universo, na história da humanidade e na redenção, não passa de adultério espiritual, uma afronta ao Deus vivo e verdadeiro. Os ídolos são inúteis, despidos de qualquer vitalidade, produtos da criação humana( Ex 20.4; Dt 4. 15-24; 13.1-5; Is 40.18-20; 44.9-20; Sl 115.1-8).

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