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quarta-feira, 26 de setembro de 2012

UM LAR CENTRALIZADO EM CRISTO - Jay E. Adams


É possível ter um lar centralizado em Cristo no mundo atual de problemas e pecado? Se você é crente deve estar interessado nesse problema. Você de estar preocupado porque reconhece que seu lar deixa muito a desejar quanto a essa descrição. Se isso é verdade, de maneira alguma é verdade exclusiva a respeito de você e de seu lar. Você está em companhia de muitos outros crentes que, em seus momentos de fraqueza, lhe dirão que também estão enfrentando as mesmas dificuldades. Não vamos nos enganar a nós mesmos. Em sua maioria, os lares cristãos ficam lamentavelmente aquém dos padrões bíblicos; e todos sabemos muito bem disso. Bem, então talvez devamos começar fazendo esta pergunta: qual a aparência de um verdadeiro lar cristão? Será um lugar idílico onde reinam, continuamente, a paz e o silêncio, a tranquilidade e a alegria? Certamente que não! O primeiro e mais importante fato a recordar sobre um verdadeiro lar cristão é que ali vive pecadores.
    A ideia de que um lar cristão é um lugar perfeito ou quase perfeito decididamente não é bíblia. No lar, os pais fracassam e muitas vezes fracassam lamentavelmente. Falham um em relação ao outro, falham em relação aos seu filhos e obviamente falham em relação a Deus. Os filhos também falham. Trazem boletins escolares cheios de notas baixas, fazem pirraça no supermercado e tentam fazer os caroços do feijão rolar pela faca quando o pastor é convidado para jantar. Maridos e esposas discutem, fica irritados um com o outro e, ás vezes, têm desentendimentos sérios. É claro, há também resultados positivos; mas o que quero resaltar aqui é que as condições frequentemente estão longe de ser ideias. Estas é uma imagem realista de um verdadeiro La cristão.
   Talvez você esteja imaginando se há alguma diferença entre essa descrição e a da casa ao lado, onde ninguém professa ter fé em Jesus Cristo. Você pode estar pensando: Por que  ele descreveu um verdadeiro lar cristão nesses termos? A resposta é simples: é exatamente isso que toda a Bíblia nos dá razão de esperar entre pessoas convertidas, mas ainda imperfeitas. Na verdade, toda a Bíblia trata, do princípio ao fim, de como Cristo salva os homens de seu pecado. A salvação é completa; envolve justificação, santificação e glorificação e glorificação. Pela graça, por meio da fé, Deus Justifica os crentes num ato instantâneo. Isso quer dizer que Cristo morreu pelo homem para que a penalidade de seus pecados fosse paga e a Sua justiça imputada aos homens. No instante em que creem, os crentes são declarados justos perante Deus. Uma vez justificados, Cristo os salva do poder de seus pecados, através do processo vitalício da santificação. Na santificação, os crente são transformados pouco a pouco à imagem de Jesus Cristo. Esse processo vitalício nunca acaba, e o objetivo final só é alcançado com a morte. Ao morrer, os crentes são glorificados; então tornam-se perfeitos pelas primeira vez. Mas durante esta vida terrena, os crentes continuam a pecar.
“Mas como a sua descrição do lar difere da descrição da família descrente, que mora ao lado?”, você insistirá. Essa pergunta precisa ser respondida. E na resposta a essa pergunta está a mensagem desse livro.
   Um verdadeiro lar cristão é um lugar onde vivem pecadores; mas é, também, um lugar onde as pessoas admitem esse fato e compreendem o problema, sabem qual a sua solução e, como resultado, crescem na graça. Vamos examinar em maiores detalhes as três diferenças significativas que tornam a situação completamente diferente.

1-  Os crentes admitem seus pecados. Pelo fato de saberem que a Bíblia diz que nenhum crente jamais é perfeito durante esta vida (cf. 1 João 1.8-10), os crentes podem reconhecer esse fato e, a tempo, aprender a antecipar e a se preparar para o pecado. Eles, entre todas as pessoas, jamais deveriam recorrer a racionalizações, desculpas ou transferência de culpa (embora, é claro, como pecadores às vezes o façam) para tentar diminuir a importância de seus pecados. Não precisam encobrir coisa alguma, pois todos os crentes sabem que todos os crentes pecam. Pode haver, portanto, um certo grau de franqueza, honestidade e flexibilidade nos relacionamentos que os crentes mantêm uns com os outros, especialmente no lar. Não estou sugerindo, de maneira alguma, que podemos ser flexíveis com o pecado; muito pelo contrário. O que estou tentando, é que os crentes não precisam perder horas de esforço inútil, tentando encobrir seus rastros de pecado. Não precisam inventar meios de enganar os vizinhos, fazendo-os crer que são expressões da mais perfeita humanidade. Podem admitir livremente aquilo que sabem ser verdade; que foram incapazes de cumprir a vontade de Deus. Com a liberdade de admitir a verdade vem a possibilidade de arrependimento, e com o arrependimento eles podem esperar o perdão e a ajuda de Deus e um do outro. Os crentes podem, como resultado disso, escapar rapidamente a padrões pecaminosos de vida. Podem concentrar seu tempo e suas energias no esforço de substituir os padrões pecaminosos por padrões bíblicos de vida. Ao invés de perder tempo minimizando ou negando o fato do pecado, os crentes podem se concentrar em tratar do pecado.
   Os pais certamente podem evitar muito sofrimento desnecessário na criação de seus filhos quando, de maneira natural (ao invés de ficarem falsamente chocados a respeito), esperam que seus filhos façam coisas erradas em casa, na escola e em público. Não há, portanto necessidade de sujeitar seus filhos a uma disciplina excessiva e imprópria, ou à raiva excessiva que às vezes resulta do sentimento de vergonha que os pais tem. Uma vez preparados para admitir que a doutrina bíblica do pecado original, além de ser verdade em teoria é um princípio operativo na vida de Joãozinho e Mariazinha, os pais podem deixar de lado as tensões e tratar o problema de maneira apropriada (biblicamente). Novamente, isso não significa que desculparão ou ignorarão comportamento pecaminoso em seus filhos, ou que deixarão de se preocupar com isso, por ser algo inevitável, sobre o que nada pode ser feito. Não, nada disso. Pelo contrário, reconhecerão o pecado como ele realmente é e irão tratá-lo de maneira bíblica. Tudo isso nos leva à segunda diferença.

2-Os crentes sabem o que fazer com seus pecados. Por terem a Bíblia como seu padrão de fé e prática, além de saberem por que ocorrem problemas em casa, os crentes também sabem o que fazer com eles. Assim, o verdadeiro lar cristão difere da casa do vizinho porque pode usar preceitos e exemplos bíblicos com sucesso, para tratar e resolver toda e qualquer ocorrência de pecado. E essa é uma diferença muito significativa. A Bíblia não se limita a fornecer orientação sobre o que fazer quando um ou mais membros da família pecam; vai além disso e mostra o que fazer para ter certeza de que tal fracasso não se repetirá no futuro. Já que este livro é amplamente dedicado a considerações de muitos dos problemas mas comuns, encontrados nos lares cristãos, não me estenderei neste ponto, a esta altura.
3-Os crentes abandonam seu pecados. Onde há vida espiritual, há também crescimento espiritual. Crente algum pode permanecer o mesmo ontem, hoje e amanhã. Uma pressuposição fundamental da fé cristã é que haverá progresso, partindo do pecado e indo em direção a justiça. Onde houver estudo bíblico, oração, testemunho e a comunhão dos santos, o Espírito Santo de Deus estará operando para produzir o Seu fruto. Esse fruto é justiça.
   O lar cristão, portanto, é um lugar onde pessoas pecaminosas enfrentam os problemas de um mundo pecaminoso. Porém, enfrentam-nos junto com Deus e seus recursos, os quais estão todos centralizados em Cristo (Colossenses 2.3). São pecadoras as pessoas que vivem no lar cristão, mas o Salvador sem pecado vive ali também. E é isso que faz a diferença!
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Material extraído do livro: A VIDA CRISTÃ NO LAR - ED. FIEL

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